Se fosse vivo, o campista ilustre Nilo Peçanha, presidente da República em 1909 e 1910, teria completado 150 anos no último dia 2. Em forma de homenagem, seu sesquicentenário será tema de uma exposição no Museu Histórico de Campos. A abertura está marcada para as 19h de hoje, com direito a apresentação da Sociedade Musical Lyra de Apollo, às 19h30, e outras atrações.
A exposição iconográfica da vida de Nilo Peçanha contará com sete banners, documentos históricos, como arquivos de sua época de estudante, em Campos, e vários objetos. Entre eles, estaria uma bengala de marfim incrustada de ouro que pertenceu ao político. Porém, o objeto desapareceu da sede da secretaria municipal de Fazenda, onde ficava guardado em um cofre, junto de outros itens de grande valor histórico-cultural, como uma chave de ouro pesando 55 gramas; uma medalha de prata da Sociedade Nacional de Agricultura; uma fivela de cabelo de madrepérola da heroína campista Benta Pereira; um revólver taurus calibre 32; e o termo de traslado dos restos mortais de José do Patrocínio e sua esposa, Maria Henriqueta.
Em matéria publicada na edição do último domingo (29) da Folha, a coordenadora da comissão organizadora dos festejos do sesquicentenário de Nilo Peçanha, Sylvia Paes, disse que foram iniciadas buscas pela bengala e pelos demais objetos, que não haviam sido encontrados até o fechamento desta edição. Na ocasião, a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Cristina Lima, afirmou que as peças não sumiram neste ano e que teriam sido vistas pela última vez na década de 1990. Em nota, através da superintendência da Comunicação da Prefeitura, a secretaria de Fazenda informou não ter notícia da existência do cofre que guardava a bengala e os outros itens desaparecidos.
Com bengala ou sem, a exposição foi garantida por Sylvia Paes: “De forma alguma cancelaríamos. Nosso objetivo é de achar a bengala, pois enriqueceria muito a exposição, assim como também queremos encontrar os outros objetos, embora não façam parte da exposição, já que eles possuem toda importância histórica. Mas, mesmo não encontrando a bengala, vamos manter a exposição”, afirmou.
Além da apresentação da Sociedade Musical Lyra de Apollo, a programação de abertura também contará com uma mesa redonda abordando o “Negro Nilo”, às 20h, em alusão ao preconceito racial sofrido pelo ex-presidente. Mediada pela professora e pesquisadora Carmen Eugênia Sampaio, a mesa terá como debatedores a professora Maria Clareth Reis, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf); o pesquisador e publicitário Genilson Soares; a historiadora e pesquisadora Larissa Manhães; e o jornalista e fotógrafo Wellington Cordeiro.
Para Genilson Soares, falar de Nilo Peçanha é uma forma de resgatar a trajetória de uma figura importante para o desenvolvimento de Campos e do Brasil. “O Nilo é um personagem importantíssimo para nós, já que brigou pela proclamação da República. Ele defendia o fim da escravidão, numa época em que as oligarquias se serviam do trabalho escravo”, afirmou.
Fechando o evento, está programado para as 21h30 o lançamento do livro “Mulheres, Negras e professoras: suas histórias de vida”, escrito por Maria Clareth Reis. A exposição sobre Nilo Peçanha ficará aberta até o final de novembro, com entrada gratuita. É possível agendar visita monitorada especializada para estudantes e outros grupos. O Museu Histórico de Campos fica na praça do Santíssimo Salvador, no Centro.