Jhonattan Reis
05/10/2017 18:55 - Atualizado em 09/10/2017 17:38
“Este filme tem todos os clichês dos westerns — como também são chamados os filmes de faroeste. Depois desta obra, tanto este diretor quanto outros cineastas iriam desenvolver elementos deste gênero com o passar dos anos”. As palavras foram ditas pelo professor e crítico de cinema Aristides Soffiati, que apresentou, na quarta-feira (4), durante sessão no Cineclube Goitacá, o longa-metragem “O Último Cartucho” (Straight Shooting, 1917), dirigido por John Ford. A sessão teve início às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center.
Em “O Último Cartucho”, um pistoleiro (Harry Carey) é contratado por um grande latifundiário para expulsar uma pobre família de sua única porção de terra. Ao perceber a conjectura dos fatos que apresentavam a total vilania do dono das grandes terras, o pistoleiro resolve ajudar a família a deter o malfeitor.
— John Ford é um cineasta famoso. Inicialmente ele foi ator nos filmes do irmão, Francis Ford, mas depois resolveu dirigir suas obras. Dirigiu seus primeiros trabalhos em 1917, e “O Último Cartucho” é o primeiro filme dele que não se perdeu. John Ford já mostra, neste longa, um forte arquétipo dos faroestes. São fazendeiros que estão em combate por alguma coisa, sendo neste caso por uma questão bem atual, que é a água. Há, entre outros clichês, o jeito típico dos fazendeiros, o duelo e a mocinha bonita que acaba ficando com o pistoleiro — disse Aristides.
Sobre o trabalho de John Ford, o apresentador da noite comentou:
— É um diretor que deixava a marca dele nos seus filmes. O trabalho de Ford é muito bem feito. Foi um diretor que soube compatibilizar forma e conteúdo, e o equilíbrio desses dois pólos caracteriza um clássico.
Antes de “O Último Cartucho”, Soffiati apresentou o curta-metragem “A Loucura do Dr. Tube” (La folie du Docteur Tube, 1915), do diretor Abel Gance.
— Este curta mostra os primórdios dos efeitos especiais. Gance usa muito a técnica do espelho para várias coisas. Ele faz isso, por exemplo, neste filme, para distorcer coisas. Já em “Napoleão” (Napoléon, 1927), que é um filme de cinco horas e 30 minutos, ele usa grandes espelhos para multiplicar lugares e pessoas. Gance filma com poucas pessoas, mas as multiplica com essa técnica e cria um exército. Por conta disso, dá a impressão que havia muitas pessoas com Napoleão. É um cineasta muito importante para a história do cinema.