Justo na Semana da Independência, quando, em tese, projetos de grande alcance sócio-econômicos deveriam ser anunciados para festejar a importante data, diferentes revelações e descobertas deixam assombrados – perplexos – todos os setores do País.
Vamos repetir para que a ênfase não passe despercebida: t-o-d-o-s. Isso porque nos últimos 3 anos e meio, desde que iniciada a Lava Jato, nenhuma semana, senão a do áudio de Temer na garagem do Jaburu e a conversa de Aécio, foi tão avassaladora quanto a que passou.
Sem desconsiderar a gravidade daquela semana de maio, desta feita a repercussão ocorreu em plataforma mais extensa e, no que diz respeito a provas, mais estarrecedoras.
Num determinado cenário, a série de bombardeios abala a Procuradoria Geral da República – particularmente o trabalho do procurador Rodrigo Janot – respingando, ainda, no Supremo Tribunal Federal.
Em outro, as revelações claras e diretas de Antonio Palocci tiram de Lula da Silva as fragilíssimas escoras que ainda o seguravam. Na condição de homem ‘de dentro’ do esquema – testemunha ocular – Palocci fez cair de vez o que restava da casa. Pra Lula, não dá mais.
Por último, dois eventos tenebrosos que envergonham o Brasil: a apreensão de R$ 51 milhões em apartamento supostamente ligado a Geddel Vieira Lima e o áudio da conversa de Joesley Batista com seu diretor, Ricardo Saud, em cena explícita de quem, bêbado ou não, exagera no ataque à língua portuguesa e em todos os níveis de arrogância, de soberba e de desprezo ao País que vem assaltando.
O diálogo foi muito bem definido pela jornalista Mirian Leitão, de O Globo: “Nojo. Conversa sórdida de quem se sente acima da lei”.
Nem os corruptos sabem o tamanho do roubo
São tantos os bilhões, as contas no exterior, as mochilas de dinheiro, etc., que nem os frequentadores mais assíduos dos piores antros de corrupção do Brasil devem ter noção de quem rouba mais e de onde.
Possivelmente o lado corrupto do PT não fazia ideia da montanha de propina manuseada pela banda criminosa do PMDB. E a elite peemedebista, o partido que hoje ocupa o Planalto, certamente não imaginava que Lula da Silva e seus pares, segundo denúncia da Procuradoria Geral da República, teriam formado uma organização criminosa e recebido cerca de R$ 1,5 bilhão de propina entre 2002 e 2016.
Dilma Rousseff, pela primeira vez denunciada na Lava Jato, ficou no mesmo pacote de denúncias da PGR, junto com Palocci, Guido Mantega, Edinho Silva, Paulo Bernardo, Vaccari Neto e Gleisi Hoffmann – também conhecida nos anais da Odebrechet pelo constrangedor apelido de “Coxa”.
Detonando a ‘excursão’ de Lula – que, a exemplo de 2005, quando explodiu o mensalão, tentava se refugiar e ganhar fôlego junto à gente ingênua do Nordeste – Palocci fechou o caixão ao declarar que o ex-presidente avalizou pacto de propina da Odebrechet ao PT (incluindo o sítio e R$ 300 milhões) e que sabia da corrupção na Petrobras em 2007.
Em outra denúncia, a artilharia da PRG atingiu em cheio a cúpula do PMDB no Senado, além de Sarney e Sérgio Machado. Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, Jader Barbalho e Valdir Raupp foram acusados de integrar organização criminosa.
“Bunker de Geddel” – Mas a imagem da semana fica por conta da montanha de dinheiro encontrada em apartamento supostamente utilizado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro dos governos Lula e Temer, somando incríveis R$ 51 milhões. Segundo a Polícia Federal, os valores no “bunker de Geddel”, agora de volta à prisão, resultam na maior quantidade de dinheiro vivo apreendido na história do Brasil.
Uma semana de “Setembro Negro”
Numa série de eventos escandalosos, não se sabe o que ainda vai sair deste setembro que começou negro. Janot tem até o dia 15 para demonstrar que as citadas “condutas ilícitas” mencionadas no áudio que por engano os próprios delatores gravaram, não comprometem a delação ou as provas oferecidas.
Isso para não inviabilizar a nova denúncia que pretende apresentar contra Temer, desta vez por obstrução de Justiça. Assim, tentando cortar o mal pela raiz, Janot pediu a revogação dos benefícios – por sinal exagerados – dados aos corruptos da JBS. Agora, os Batista estão a um passo de se mudarem da 5ª Avenida para a Papuda.
Este espaço da Folha da Manhã foi um dos mais incisivos ao questionar, imediatamente após o anúncio do acordo feito com os irmãos da JBS, os termos da imunidade penal a tão flagrantes crimes. A edição de 21 de maio destacou: É asqueroso ver o corrupto, ao melhor estilo hiena, produzir corrupção para se livrar dos próprios crimes.
A ‘ninharia’ de Loures – Por fim, numa semana de perplexidades, depois dos R$ 51 mi de Geddel, Aécio deve estar indignado por ter ‘sofrido perseguição’ face a ‘míseros’ R$ 2 milhões e Rocha Loures se perguntando o porquê de tamanha confusão por conta de uma ‘ninharia’ de R$ 500 mil.
Temer, definido pela imprensa internacional como “líder impopular” deve ficar, mas sem credibilidade. E, com prisão de Geddel, a luz vermelha volta acender no Planalto.
E assim caminha o Brasil, – pertinho de completar 200 anos de independência. O que não estaria a dizer Dom Pedro I?