Jéssica Felipe
23/09/2017 15:49 - Atualizado em 27/09/2017 13:44
A seca e estiagem são fenômenos climáticos ligados à falta de chuva. Segundo o Instituto Nacional do Ambiente (Inea) o momento é de alerta para o Norte e Noroeste Fluminense. O município de São Francisco do Itabapoana (SFI), que tem como fonte econômica primária, a agricultura, vem sofrendo há sete anos com essa situação. Produtores rurais vivem dias de preocupação pela falta de água e pelo risco de incêndios nas propriedades. Já são mais de 120 dias sem chuvas. Medidas provisórias estão sendo realizadas para minimizar a situação.
Para a agricultura, o período é de preocupação e prejuízos. “Esse setor está sendo muito prejudicado, numa hora em que as lavouras estão no período de frutificação. Isso atinge o padrão futuro da fruta”, explica o Secretário de Agricultura, Claudio Henriques. Ele também considera o impacto à pecuária, por conta dos baixos níveis de água. No entanto, o secretário afirma que já houve períodos mais agravantes. “A situação está sobre controle, mas, pode piorar se não chover nos próximos 15 dias. Principalmente para o abacaxi, que é principal lavoura do município”.
Alaildo Gomes, produtor rural e presidente da Associação de Moradores de Carrapato (Amproac), explicou que com pouca água, é preciso remanejar o trabalho. “O prejuízo é visível, precisamos irrigar e tem pouca água. Em momentos como esse a prioridade é a água para beber e para o animal, a roça fica em segundo plano. Hoje, eu estou trabalhando com horta, que tem resistido mais ao sol”, conta o agricultor.
Para o Secretário de Meio Ambiente do Município, Ilzomar Soares, a recorrência no período de estiagem traz problemas que atingem diretamente as localidades. “Ambientalmente perdemos nesse tempo uma possível fração na flora e fauna local. O índice de risco de incêndios florestais continuará elevado nas unidades de conservação monitoradas por conta da baixa umidade relativa do ar na Região Norte Fluminense”, destacou Ilzomar.
Os incêndios nesse período são um agravante, causados por queimadas ou combustão espontânea. Em SFI já foram registrados 81 casos, o último, na sexta-feira (22) em Santa Clara. O engenheiro ambiental Leonardo Dinelli explica que no caso dos incêndios criminosos, a maior influência é para plantio de pasto, com interesse comercial. “O problema é pensar que colocar fogo em determinado lugar, vai ficar só ali. Com o período de estiagem a tendência é alastrar”, ressalta o especialista.
Medidas preventivas são tomadas
São Francisco do Itabapoana, que tem 95% das terras aproveitadas para a agricultura, distribuídas em 82 comunidades rurais, é um dos municípios mais afetados com a seca no estado do Rio de Janeiro. Em 2015, a prefeitura decretou estado de emergência pela quantidade de lavouras queimadas pelo sol e gados mortos devido à falta de água e pastagem. Na ocasião, o prefeito junto com o deputado estadual e vice-presidente da Comissão de Agricultura na Alerj, Bruno Dauaire, buscaram recursos para o enfrentamento da estiagem.
Para a situação atual, como medida provisória, o Governo Francimara está realizando a limpeza do Canal de Cacimbas para melhorar o escoamento de água. O objetivo da ação na localidade de Campo Novo, zona rural de SFI, é melhorar o escoamento de água, a partir da retirada de galhadas, lama e macrófitas (plantas aquáticas). Segundo a secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil, “a ação permitirá melhoria em todo o ecossistema, levando água com boa qualidade às fazendas que têm as atividades de gado de corte e de leite, contribuindo para a economia local”. A medida atenderá cinco comunidades que apresentam uma queda considerável de água devido à grande estiagem com mais de 120 dias.
Preservação segue como chave para não remediar
Para prevenir a situação, é necessário preservar as nascentes e reflorestar as margens dos rios. O engenheiro ambiental Leonardo Dinelli esclarece, que na maioria dos casos, os produtores rurais, por falta de informação, fazem mal uso desses locais, que podem ser a solução do problema. ”Muitas vezes as pessoas do campo, fazem uso das áreas preservação de nascentes como bem próprio, e não de uso comum. Alguns acham que as nascentes é um local para abrir um bebedouro para o gado beber água. Isso prejudica todo o processo natural da água”, coloca Leonardo. Uma nascente, cabeceira, olho-d’água, mina de água ou fonte é o local onde se inicia um curso de água, por exemplo, os rios.
Com os projetos de proteção de nascentes, o trabalhador isola aproximadamente um hectare da área ao redor da fonte de água. A marcação, feita com cercas impede o acesso de animais, o pisoteio da terra e por consequência o assoreamento do local. Um exemplo que tem dado certo, é o Projeto Olhos D'água, realizado em Carapebus/RJ pelo política pública de Pagamento por Serviço Ambiental (PSA).