Comoção e homenagens no adeus ao advogado Francisco Martins
Bárbara Cabral 07/09/2017 19:18 - Atualizado em 09/09/2017 12:52
Sepultamento no Campo da Paz
Sepultamento no Campo da Paz / Rodrigo SIlveira
Homenagens e tristeza marcaram, nesta quinta-feira (7), a despedida ao professor e advogado Francisco Martins, 50 anos, que morreu na noite dessa quarta-feira (6) em decorrência de um câncer agudo na medula óssea. Centenas de pessoas, entre familiares, amigos e conhecidos, acompanharam o velório e sepultamento, que aconteceu no cemitério Campo da Paz. Na ocasião, alguns dos presentes, acompanhados de um violão, apresentaram cânticos religiosos em tributo ao advogado.
Francisco, que já foi procurador dos municípios de Campos e São João da Barra, além de advogado da Câmara Municipal de Campos, era mestre em direito público, especialista em direito eleitoral e professor da Universidade Estácio de Sá. Ele deixa três filhos.
Como divulgado no blog Na Curva do Rio, da jornalista Suzy Monteiro, Chiquinho, como era carinhosamente chamado, descobriu o câncer no fim de dezembro do ano passado, e vinha, desde então, lutando contra a doença. A primeira parte do tratamento contra a leucemia foi realizada em Muriaé, Minas Gerais. No início de agosto de 2017, ele foi liberado para tratamento em Campos.
Afrânio Gualda Tavares, também professor na Universidade Estácio de Sá, lembrou a personalidade de Chiquinho, com quem também estudou e cultivou uma amizade de mais de 35 anos. “Nosso querido Chiquinho, ele sempre foi muito marcante para gente pela capacidade de luta, de nunca esmorecer. Não me lembro dele sendo grosso com alguém ou reclamando da vida. Ele nunca teve vergonha de ressaltar a origem humilde e de ter conquistado o que conquistou. Nos últimos 18 anos, graças ao magistério superior, ele pôde compartilhar os ensinamentos dele, sempre cativando mais e mais pessoas. Hoje, aqui, estamos nos alternando em risos e lágrimas. Nós choramos um pouquinho, depois lembramos as histórias engraçadas passadas com ele”.
Também amigos de faculdade, José Carlos Martinho e Mônica Molin falaram do último encontro com Chiquinho no último sábado (2). “Ele estava muito debilitado, mas muito otimista, esperançoso, o que era uma característica dele. Ele era uma pessoa de muita fé, que tinha muita vontade de vencer a enfermidade e voltar à sua rotina normal, principalmente no ofício da advocacia e magistério. Com advento da crise que ele teve no dia seguinte, a impressão que se tem é de que fomos para uma despedida mesmo”, disse José Carlos.
— Deus foi muito misericordioso com ele. Isso porque ele iniciaria a segunda etapa da quimioterapia na segunda-feira (4), mas, por ter passado mal, não foi possível. Quer dizer, entendo que se ele começasse a nova fase do tratamento, ele ia sofrer mais uma vez com os efeitos, e Deus entendeu que já estava na hora dele partir. Então, na verdade, ele foi poupado de mais um sofrimento. Para gente ele é considerado um guerreiro. Não se entregou à doença. Quando chegamos para visitá-lo, ele, mesmo debilitado, foi nos receber na porta. Eu conheci poucas pessoas como o Chiquinho. Ele transmitia tanta vida pelo olhar e pelas palavras positivas que emitia. Era uma pessoa incrível, um espírito muito evoluído — contou Mônica.
Sepultamento no Campo da Paz
Sepultamento no Campo da Paz / Rodrigo SIlveira
Francisco lidou com a doença de maneira muito clara, desde o início, compartilhando no Facebook as evoluções, conquistas e até algumas dores, sempre esperançoso e com fé na cura, como mostra sua última postagem, de 20 de agosto. “Ótimas notícias sobre meu tratamento de câncer de medula óssea. Nesta sexta-feira dia 18.08, por orientação médica do médico oftalmologista Dr. Otávio Cabral, o remédio da visão está fazendo efeito melhorando bem a vista esquerda. Seguindo ainda a recomendação médica do hematologista DR. João Tadeu, quadrupliquei o uso do corticoide ao dia melhorando a dor e anestesia na mandíbula inferior, da dificuldade de movimentar a perna esquerda e da dor do ombro esquerdo. Andando bem melhor. Comendo muito bem e me exercitando em casa. Estou muito esperançoso. A radioterapia terminou. As novas sessões de quimioterapia devem iniciar em setembro/2017. Deus me carregando no colo. Muito feliz. Quantas melhoras. O Pai lá de cima gosta muito de mim. Obrigado pelas orações. #forçafocoefé. Beijos fraternos”.
Em janeiro, amigos e alunos se mobilizaram e chegaram a ir de ônibus a Muriaé para fazer um mutirão de doação de sangue. A coordenadora da Universidade Estácio de Sá, Eliani Vieira Macabu, que esteve presente na despedida, falou da amizade que tinha com Francisco. “É um grande amigo, que com sua alegria fazia renascer todas as forças. Agora fica a saudade e a certeza de que ele continua sorrindo para todos nós”, disse.
A atuação de Francisco também foi lembrada pelo vereador Kellinho e pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Campos, Humberto Nobre. “Sempre foi uma pessoa amável, dedicada e disciplinada. Um grande amigo. Sempre tinha uma palavra para nos ajudar, nos direcionar. Uma pessoa muito boa”, falou Kellinho. “Conheço ele há mais de 20 anos, fomos colegas de faculdade. Ele sempre foi um advogado exemplar, tanto no aspecto técnico, como no tratamento como colega”, relatou Humberto.

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