População sem transporte: motoristas e cobradores fazem paralisação
Paula Vigneron, Jéssica Felipe, Júlia Beraldi e Matheus Berriel 04/09/2017 11:44 - Atualizado em 05/09/2017 14:48
Paralisação transporte coletivo
Paralisação transporte coletivo / Foto: Paulo Pinheiro
Funcionários de várias empresas de transporte público de Campos paralisaram as atividades durante a manhã e tarde desta segunda-feira (4), em protesto contra o atraso nos salários, e fizeram manifestações em vários locais do Centro da cidade, deixando o trânsito tumultuado e os pontos de ônibus lotados. Aderiram ao movimento trabalhadores das empresas Turisguá, São Salvador, Siqueira e Cordeiro, que integram o consórcio União, e, ainda, da Rogil, mas os coletivos da São João também deixaram de circular durante parte do dia, depois que um grupo de manifestantes forçou a parada e esvaziou os pneus dos veículos, obrigando os passageiros a descerem. Os ônibus da Jacarandá foram os únicos que circularam normalmente nesta segunda. Mais uma vez o ex-vereador Albertinho foi visto nos locais dos protestos, assim como ocorreu nas manifestações recentes de motoristas de lotadas. Os ônibus voltaram a circular por volta das 17h20.
Durante os protestos, os coletivos fecharam o trânsito no Terminal Rodoviário Luís Carlos Prestes, na avenida XV de Novembro, e na avenida José Alves de Azevedo (Beira-Valão), onde um ônibus ficou atravessado, bloqueando a passagem pela rua Tenente Coronel Cardoso durante mais de uma hora. Por volta das 15h30, após provocação de motoristas de lotadas que passaram pelo terminal, um grupo de motoristas de ônibus fechou a ponte Saturnino Brito, na Lapa, com fogo em pneus, para protestar contra o transporte pirata na cidade. O tráfego de veículos ficou bloqueado por quase 45 minutos. A Polícia Militar precisou controlar a situação nos três locais.
Na parte da manhã, funcionários da Turisguá iniciaram a paralisação, alegando dois meses de salários atrasados. De acordo com eles, na última sexta-feira (1), foi dado um vale de R$ 50 a uma parte do grupo e ainda não há previsão para os acertos salariais. Também estão atrasados em dois meses os salários dos trabalhadores da Siqueira, além da Rogil. Na São Salvador, segundo os trabalhadores, a situação é pior, com atraso de três meses dos salários. Das empresas que tiveram o funcionamento suspenso, somente a Cordeiro está em dia com os contratados, que participaram do ato por serem integrantes do consórcio União.
  • Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

    Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

  • Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

    Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

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    Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

  • Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

    Protesto de rodoviários da ponte da Lapa

  • Pneus foram esvaziados

    Pneus foram esvaziados

  • Pneus foram esvaziados

    Pneus foram esvaziados

  • Pneus foram esvaziados

    Pneus foram esvaziados

Cobrador da Turisguá há cinco anos, Bruno Campista afirmou que, de acordo com a proprietária da empresa, o atraso nos salários está relacionado à queda na receita. “Alegam que o dinheiro que a gente arrecada na rua não cobre o valor das despesas. Quando chega ao final do mês, a folha não bate. Falam que, juntando tudo, ainda devem R$ 200 mil por mês. A empresa não está pagando, e a gente precisa receber. Nós temos família, dívidas. Tenho amigos passando necessidade dentro de casa. É complicado. A gente vê um filho nosso pedir pão, biscoito, café ou leite, e não tem dinheiro para comprar”.
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, Davi Lopes, informou que o sindicato ainda não foi procurado. “Essa paralisação é para reivindicar os salários atrasados. O grupo União está realmente atrasado. Nós estamos passando para eles (funcionários) que não pode ser greve porque, para ser, tem que ter edital e assembleia. Então, eles estão fazendo uma paralisação. Acredito que seja só hoje (segunda-feira). Os patrões podem chamá-los para negociação e eles aceitarem”, afirmou.
  • Albertinho esteve presente em mais uma manifestação

    Albertinho esteve presente em mais uma manifestação

  • Albertinho esteve presente em mais uma manifestação

    Albertinho esteve presente em mais uma manifestação

  • Tráfego ficou impedido

    Tráfego ficou impedido

  • Paralisação transporte coletivo

    Paralisação transporte coletivo

  • Paralisação transporte coletivo

    Paralisação transporte coletivo

  • Paralisação transporte coletivo

    Paralisação transporte coletivo

Em nota, a secretaria municipal de Governo informou que “a Prefeitura vem se reunindo com os consórcios que atuam no transporte coletivo no município e tem buscado estar em dia com os repasses, mesmo diante das limitações financeiras e do déficit de cerca de R$ 35 milhões mensais (que em janeiro era de R$ 57 milhões), que ainda é muito preocupante para o município. Ainda esta semana, deverá ser liberado o pagamento do mês de agosto. O presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Renato Siqueira, voltou a se reunir no início da tarde desta segunda-feira com representantes dos consórcios".
Na mesma nota, foi ressaltado que, "com a passagem a R$ 2, houve uma redução dos repasses da Prefeitura direcionados às empresas. Hoje, cabe à Prefeitura apenas pagamento de R$ 0,75 por pessoa, ou seja, menos de 1/3 do valor total da passagem, que é de R$ 2,75. Os repasses mensais estão menores, enquanto o pagamento do usuário de forma direta às empresas aumentou. A Prefeitura de Campos não foi notificada sobre a paralisação desta segunda-feira, mas está buscando diálogo com o Sindicato dos Rodoviários, para mostrar todas as dificuldades e o que tem sido conversado com os consórcios".
A Auto Viação São João informou, por meio de nota, que “seus funcionários, cientes da importância do serviço para a população, não aderiram à paralisação de rodoviários nesta segunda-feira, mas foram forçados por um grupo a parar os veículos. Para impedir a circulação, os manifestantes esvaziaram os pneus de 16 ônibus da São João, obrigando, em alguns casos, os passageiros, inclusive crianças e idosos, a descerem e deixando os veículos no meio da rua, o que tumultuou o trânsito. Os coletivos precisaram ser recolhidos à garagem para manutenção”.
Opiniões divididas — Com a paralisação das atividades, os usuários do transporte público foram surpreendidos na manhã e no início da tarde. Para alguns campistas, o ato dos funcionários deve ser respeitado, apesar das dificuldades de locomoção devido à suspensão do funcionamento. Para outros, no entanto, a ação é vista de modo crítico.
Estudantes do Colégio Estadual Nilo Peçanha, Lorran, de 14 anos, e Wendel, de 12, contaram que saíram da escola a caminho do Parque Eldorado, sem dinheiro, almoço e celular, e não tinham como voltar para casa devido à falta de ônibus. Outro caso é o da doméstica Cláudia Márcia, 38 anos, que saiu do trabalho para retornar à sua residência. “Estou pensando em como vou voltar para casa. Eles não estão errados, mas eu acredito que, pelo menos, 10% das linhas poderiam continuar”.
  • Falta de transporte deixou pontos lotados

    Falta de transporte deixou pontos lotados

  • Falta de transporte deixou pontos lotados

    Falta de transporte deixou pontos lotados

  • Falta de transporte deixou pontos lotados

    Falta de transporte deixou pontos lotados

  • Falta de transporte deixou pontos lotados

    Falta de transporte deixou pontos lotados

Manifestação – Na região Norte de Campos, cerca de 200 pessoas fecharam a BR 101 (Campos-Vitória) protestando contra a falta de transporte público para atender aos moradores de Santo Eduardo, Santa Maria, Morro do Coco, Guandu e Conselheiro Josino. A manifestação começou por volta das 6h, quando a rodovia foi bloqueada com pneus e galhos em chamas, e só terminou às 10h. O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar o fogo, e agentes da concessionária Autopista Fluminense, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal estiveram no local para garantir a ordem e controlar o trânsito. Manifestantes alegaram que não há quantidade suficiente de ônibus para cobrir as linhas da região.

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