Jhonattan Reis
22/09/2017 17:36 - Atualizado em 25/09/2017 15:57
A segunda edição do Festival Doces Palavras (FDP!), que acontece em Campos desde quarta-feira (20) e segue até domingo (24), presta homenagens a campistas de nascença e de alma e que tiveram destaque em seus trabalhos. Ente os homenageados estão a escritora Judith Grossmann, o poeta, trovador e escritor Antônio Roberto Fernandes, a professora e poeta Ruth Maria Chaves de Oliveira Martins (in memoriam) e o professor e pesquisador Carlos Eduardo Berriel, que leciona na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O FDP! acontece a cada dois anos e une duas tradições campistas: literatura e produção de doces.
Judith Grossmann (1931-2015) dá nome ao espaço de debates desta segunda edição do FDP!. Apesar de ter nascido em Campos e falecido no Rio de Janeiro, foi em Salvador-BA, que ela passou grande parte da sua vida, depois de ter se tornado professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1966, tendo se aposentado em 1990.
Formada em Letras pela antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), com pós-graduação também em Letras pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Judith implantou, na UFBA, a disciplina Teoria da Literatura. Na mesma universidade, ela criou a primeira Oficina de Criação Literária no Brasil. Ainda esteve entre os fundadores do Curso de Mestrado em Letras da UFBA.
Entre os livros de Judith Grossmann estão: “São José” (1959); “Linhagem de Rocinante: 35 Poemas” (1959); “O Meio da Pedra: Nonas Estórias Genéticas” (1970); “A Noite Estrelada: História do Ínterim” (1977); “Cantos Delituosos: Romance” (1985); “Meu Amigo Marcel Proust: Romance” (1997); “Nascida no Brasil: Romance” (1998); “Fausto Mefisto: Romance” (1999); “Pátria de Histórias” (2000); e “Todos os Filhos da Ditadura – Romance” (2011).
O campista Carlos Eduardo Berriel é o homenageado da edição. Formado em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), em 1977, Berriel possui mestrado na Unicamp, em 1987, doutorado também na Unicamp, em 1994, pós-doutorado na Universidade La Sapienza, em Roma, na Itália, em 1997, e pós-doutorado na Universidade de Florença (UniFl), na Itália, em 2008.
Atuou como professor em várias universidades do Brasil. Também foi professor visitante na Unicamp e na Universidade de Florença. Carlos Eduardo tem publicado o livro “Tietê, Tejo, Sena: a Obra de Paulo Prado” (2013). Também teve participação em vários livros, como “Religião, Política e Ciência no Sistema de Campanella” (2013), “Literatura e Nação em Nelson Werneck Sodré” (2006) e “Brief Notes on Utopia, Distopia and History” (2005).
Carlos Eduardo também é editor da revista Morus — Utopia e Renascimento, publicação anual com enfoque na divulgação de textos utópicos e renascentistas traduzidos para o português.
Criou, em 2002, o grupo de pesquisa “Renascimento e Utopia”, cadastrado no diretório de grupos do CNPq, do qual é o atual líder. Em 2008, criou o grupo “U-TOPUS — Centro de Estudos sobre Utopia”, do qual é coordenador, na Unicamp. Também é membro do Conselho Editorial da Rivista di Studi Utopici, e do Comitê Científico da coleção Diacronie, da UniFl, ambos na Itália. Dentre diversas outras atividades, Carlos é, ainda, membro de associações científicas internacionais, como a Utopian Studies Society e a Renaissance Society of America.
Antonio Roberto Fernandes (1945-2008) tem seu nome no Espaço do Escritor Campista, de lançamentos e venda de livros. Nascido em São Fidélis, ele viveu e morreu em Campos. Antônio Roberto foi membro da Academia Fidelense de Letras, da Academia Pedralva Letras e Artes e da Academia Campista de Letras, sendo que foi, também, representante da União Brasileira de Trovadores (UBT).
O poeta, trovador e escritor fidelense fundou a Academia Infantil de Letras de São Fidélis e foi idealizador do Café Literário, em Campos. Antonio Roberto ainda foi diretor da Biblioteca Municipal de São Fidélis, da Biblioteca Municipal Nilo Peçanha e do Departamento de Literatura da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).
Já o espaço de apresentações de trabalhos acadêmicos do FDP! 2017 carrega o nome de Ruth Maria Chaves de Oliveira Martins (1934-2013), que nasceu em Belém do Pará, seguiu para o Rio de Janeiro aos 9 anos e chegou a Campos acompanhada do professor, desenhista e ilustrador campista Oswaldo Peixoto Martins, com quem se casou em 1961. Ruth permaneceu na planície goitacá pelo restante de sua vida.
A paraense se formou no Curso de Letras em Línguas Neolatinas na Pontifícia Universidade Católica, no Rio de Janeiro. Porém, foi em Campos que ela criou seus filhos e exerceu a função de professora. Lecionou as disciplinas de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Teoria Literária, da qual era Livre Docente pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ainda em Campos, foi professora do antigo Iepam e das antigas faculdades de Filosofia (Fafic) e de Direito (FDC), hoje pertencentes ao Centro Universitário Fluminense (Uniflu). “Roda, Pião” (1956) é seu único livro de poesias publicado. Por essa obra, recebeu o prêmio Nestlé.