Crítica de cinema - Terror dispensável
Edgar Vianna de Andrade 18/09/2017 17:57 - Atualizado em 20/09/2017 15:36
Cena de ENTITY_quot_ENTITYAmityville: o despertarENTITY_quot_ENTITY
Cena de ENTITY_quot_ENTITYAmityville: o despertarENTITY_quot_ENTITY / Divulgação
(Amityville: O Despertar) -
Em 1974, na tranquila cidade de Amityville, nos Estados Unidos, um jovem de 24 anos assassinou toda a sua família. Seis ao todo. Ele alegou que foi comandado por vozes para cometer o massacre. Foi condenado a prisão perpétua. Um ano depois, nova família foi morar na casa. Em pouco tempo, seus membros fugiram amedrontados por acontecimentos estranhos, para eles sobrenaturais. Nos Estados Unidos, é muito comum pessoas terem algum transtorno mental. Como é muito fácil comprar arma naquele país, também não é raro que essas pessoas com transtornos cometam chacinas. O casal Warren, especialista em assombrações, visitou a casa e conclui que ela era amaldiçoada.
O assunto rendeu o livro “Horror em Amityville”, que se tornou best-seller. Ele foi levado às telas de cinema com o mesmo título em 1979. Um livro e um filme seriam suficientes para explorar o trágico caso. Mas as franquias se tornaram muito comuns no país do norte. Trata-se de espremer um caso até chegar no bagaço. Daí nascerem as continuações “Amityville II: a possessão”, “Amityville 3-D” e “Amityville IV: a maldição”. Em 2005, “Horror em Amityville” foi a refilmagem do clássico original. O caso parecia encerrado quando, em 2014, aproveitaram os quarenta anos do massacre para um novo filme. Casas mal-assombradas deveriam ser tombadas para ninguém mais morar nelas, evitando assim explorações.
“Amityville: o despertar”, dirigido por Franck Khalfoun, data de 2014, mas só agora chega aos cinemas. Parece que ele não colou desde o início, pois ficou no armário durante três anos. De fato, ele não apresenta nada de novo. Outra família vai morar na mesma casa. Mãe, duas filhas, sendo uma adulta e uma criança, e um filho adulto que padece da síndrome de clausura. Ele está vivo, mas imóvel sobre uma cama. Desde o início, tudo indica que o espírito da casa maligna foi se apossar daquele rapaz esquálido e pálido. Quem faz esta aposta ganha.
Do elenco, só merece destaque a veterana Jennifer Jason Leigh. O filme não exige muito dos outros atores. Os efeitos especiais, sobretudo os sonoros, dominam a produção. Pode-se pensar que a menina será dominada pela casa cujas janelas parecem olhos. Mas isso não acontece. Crianças são poupadas nos filmes atuais. Curioso que, em filmes antigos, as crianças não são poupadas. No célebre “Cabiria”, dirigido pelo italiano Giovanni Pastrone, em 1914, crianças são oferecidas em sacrifício ao deus Baal. “Cabiria” não é um filme de terror, mas histórico.
“Amityville: o despertar” é um filme perfeitamente dispensável. E o pior é que prometem retirar a casa do sono. O que significa continuação.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS