Entre os filmes que entram em exibição nesta quinta-feira (14), no circuito de Campos dos Goiytacazes, as atenções se voltam para “Feito na América”. Observações críticas assinalam que o diretor Doug Liman pode estar um tanto mais audacioso, mas Tom Cruise continua o mesmo de sempre em “Feito na América”, o novo filme que se propõe a trazer uma perspectiva diferente sobre o cenário das drogas na época do Cartel de Medellin.
Não é à toa que o espectador irá lembrar de “Narcos”, a série da Netflix. Pablo Escobar e outros personagens desta história real estão por aqui, porém menos caracterizados e, obviamente, menos aprofundados. Em “Feito na América”, o foco é no personagem americano de Cruise, um piloto de avião que acaba se envolvendo com uma operação secreta da CIA.
O filme começa praticamente já em seu segundo ato. Tem muito pouco tempo dedicado a retratar a vida comum do personagem, bem como suas frustrações e motivações. O filme logo engata seu primeiro conflito e o ritmo se mantém acelerado até o fim, com diversas cenas expositivas que aproveitam uma estilização até que incomum para um diretor como Doug Liman.
Esse ritmo acelerado acaba prejudicando um pouco os efeitos do filme. As viradas do roteiro são pouco pontuadas e se tem pouco tempo para assimilar as consequências de cada conflito. Outro fator que também não ajuda nessa assimilação é o personagem de Tom Cruise acabar parecendo muito mais passivo do que o necessário para um personagem principal. As coisas parecem acontecer “com ele” e não “por causa dele”, ou de suas ações.
A descrição da época é até interessante. O clima que já é tão aproveitado pela série “Narcos” acaba sendo o maior atrativo de “Feito na América”, com o constante clima de hostilidade com que os EUA tratavam o crescimento do mercado de drogas nos países mais baixos. A sensação de urgência mantém a atenção do espectador apesar dos problemas de narrativa.
É perfeitamente possível aproveitar este filme como uma história divertida, mas o maior incômodo está no fato de que diversas situações ao longo da trama são essencialmente engraçadas, porém o diretor não parece possuir o tato necessário para aproveitá-las como alívio cômico. Esse tato estaria perfeitamente alinhado com a já citada estilização do filme, e traria uma experiência muito mais envolvente.
Ao mesmo tempo, fica a indagação se boa parte dessa perspectiva equivocada não se dá também por causa da escalação de Tom Cruise no papel principal. Assim como a maioria dos últimos filmes do ator, sua personalidade carismática parece se sobrepor aos personagens que interpreta e acaba não desenvolvendo nenhuma distinção realmente engajante.
Talvez com outro diretor, ou outro ator no papel principal, “Feito na América” poderia ser uma grande “comédia dramática”, nos moldes do que Scorsese fez com “O Lobo de Wall Street”. Há um potencial interessante que merecia ser um pouco mais explorado e melhor desenvolvido, mas isso não tira a diversão que o espectador poderá ter com mais essa viagem além da fronteira dos EUA.
Também entram em cartaz hoje, os filmes “Como Nossos Pais”, “Amityville: O Despertar” e a animação “O que Será de Nozes 2”. Permanecem em exibição “Emoji — O Filme”, “Polícia Federal — A Lei É Para Todos” e “It — A Coisa”. (A.N.) (C.C.F.)