Ameaça a um; ameaça a todos
17/08/2017 08:29 - Atualizado em 01/09/2017 13:29
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Ameaça de morte
Não há dúvida que são vários problemas a se enfrentar em Campos. Mas alguns deles, como o transporte alternativo na cidade, têm se tornado alarmantes. E, ontem, passou de uma questão administrativa para caso de polícia. O presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT), Renato Siqueira, foi ameaçado de morte por um marginal travestido de cobrador de van. Insatisfeito com a fiscalização sobre seu veículo, numa operação de rotina, ele foi à sede do IMTT, procurou, mas não achou Renato, para quem deixou um recado com outros funcionários: “Sorte dele, que vai ganhar mais algumas horas de vida”.
Ameaça a qualquer um
A verdade é que o transporte clandestino tomou conta da cidade nos oito anos da gestão Rosinha Garotinho (PR), como já havia feito no Estado, quando o casal da Lapa o governou. Não é segredo a ninguém que essa atividade ilegal está ligada às milícias. Esse tipo de relação promíscua é, inclusive, explorada no popular filme “Tropa de Elite 2” (2010), de José Padilha. Na vida real, quem dirige em Campos e já não foi hostilizado e ameaçado por um motorista ou cobrador de uma dessas vans ou lotadas, muitos deles armados? Para tanto, basta reclamar de um deles parado no meio da via pública, impedindo o trânsito, diante do sinal aberto.
Problema de Segurança Pública
Renato Siqueira é arquiteto e urbanista, que teve projeção na vida pública ao apontar intervenções urbanas equivocadas no governo Rosinha. Foi também presidente do Observatório Social de Campos, do qual se licenciou para assumir o IMTT. Respeitado tecnicamente, é tido como duro, sem jogo de cintura político. Exatamente como tem que ser para o tipo de função que desempenha. Ontem, quando prestou queixa na 134ª DP da ameaça que sofreu, ele deu bem a dimensão do desafio, não dele, mas do município: “O transporte alternativo em Campos não é um problema de mobilidade. É de Segurança Pública”.
Coisa de bandido
Para quem acha que existe algum exagero na constatação do presidente do IMTT, o cobrador da van que foi ao seu trabalho, numa instituição pública, para lhe dar “mais algumas horas de vida”, o fez porque trabalhava num veículo com motor adulterado. Era uma Van Peugeot que fazia a linha Nova Brasília x Centro, cuja autorização do permissionário havia sido “terceirizada”, como costuma acontecer nesse tipo de atividade. Durante a perícia foi constatado que o motor do veículo, usado para o transporte de passageiros, havia sido roubado no município fluminense de Rio Bonito. Parece coisa de bandido. E de fato é.
CDL
Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, o empresário Joilson Barcelos procurou ontem a coluna para transmitir seu desagrado com as duas últimas notas da edição de ontem. Elas davam conta dos dois ônibus que a CDL local quer levar ao hotel Le Canton, em Teresópolis, para a Convenção da Federação das CDLs, entre 25 e 27 deste mês. A coluna informou que o objetivo extraoficial da caravana é lançar a pré-candidatura do campista Marcelo Mérida, presidente da Federação, a deputado federal. Joilson negou, mas nas redes sociais onde as notasviralizaram, Mérida disse que pretende, sim, se lançar em 2018.
O custo
Menos pelo objetivo político da caravana, ointeresse pelas notas do “Ponto Final” se deu pelo seu custo e por quem pagará a conta. A coluna falouem R$ 70 mil, bancados pela CDL-Campos. Joilson não confirmou a cifra, mas admitiu que a entidade pretende arcar não só com o transporte, como parte da hospedagem — despesa custeada pelos participantes em gestões anteriores. Oobjetivo seria tentar unir e estimular a classe num momento de crise econômica. Mas como boa parte dos quase dois mil associados da entidade em Campos não sabiam que estavam pagando a conta, houve quem não tivesse gostado quando passou a saber.
Negativas
Joilson também negou que o objetivo do seu grupo, na política de classe, seja eleger Orlando Portugal, ex-secretário municipal do governo Rosinha Garotinho (PR), como seu sucessor. Certeza, no entanto, só se terá no final do ano, quando ocorre a eleição da CDL goitacá, com apresentação da(s) chapa(s) uma semana antes. Por sua vez, Mérida disse nas redes socais que não está mais filiado ao PSDB, ao contrário do que a coluna afirmou ontem. Ele garantiu ainda que não é um pré-candidato rosáceo. Pelo resultado não só das últimas eleições a prefeito da cidade, como da OAB-Campos, parece ser uma sábia decisão.
José Renato

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