Situação da Uenf é principal reflexo da crise financeira do Estado
15/08/2017 10:01 - Atualizado em 01/09/2017 13:28
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
Busca do tempo perdido
O pior dos efeitos do tsunami que varreu o Estado do Rio foi o quadro caótico de funcionamento de uma instituição como a Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense), de fundamental importância para que Campos e a região alcancem um grau de desenvolvimento econômico que outras cidades lograram. É o caso de Campinas, com a Unicamp, ou de Juiz de Fora, com sua Universidade Federal. Vai ser preciso, mesmo após o socorro federal e a retomada da normalidade das finanças estaduais, um esforço conjunto para recuperar o tempo perdido.
Onde está o dinheiro?
Até hoje o campista se pergunta onde foram parar os recursos dos empréstimos que seriam destinados ao término de obras não concluídas, como o Hospital São José, de Goytacazes; a reforma do Mercado Municipal e a construção do camelódromo; casas populares ou o asfaltamento de dezenas de ruas listadas antes das eleições em programas de rádio. A lista do que ficou apenas na promessa é tamanha, que certamente não caberia nesta coluna.
Fenômenos eleitorais
O voto distrital puro aprovado pela Comissão Especial da Reforma Política, que será levado ao plenário em setembro na Câmara dos Deputados, tem suscitado debates acirrados. O principal argumento dos seus defensores é que não mais será possível a repetição de fenômenos como Tirica e Eneas, que elegeram e levaram a reboque candidatos com soma inexpressiva de votos, alegação razoável, já que produz algumas distorções como a eleição de políticos sem voto, enquanto outros mais votados ficam de fora, como ocorre no sistema proporcional.
Caciques
Por outro lado, se a matéria for referendada em plenário e convertida em lei, veremos a consolidação definitiva dos caciques partidários definindo quem pode ou não se candidatar. Nesse sistema majoritário, ganha quem tem mais votos. Logo, os caciques escolherão apenas quem tem grandes chances de se eleger. Assim, ficarão de fora representantes de causas pouco populares, mas importantíssimas, como aborto, células-tronco, reforma agrária, reforma tributária, combate à homofobia, direitos humanos e outros. Será também a consagração das celebridades – cantores, apresentadores de rádio e TV, músicos e atores.
Centrão em alta
Em verdade, os deputados se articulam para aprovar alterações nas regras eleitorais que, na prática, facilitam sua própria reeleição. O tal do distritão, que prevê a eleição de vereadores e deputados por ordem de votação, é um modelo defendido pelo chamado “centrão”, grupo de parlamentares que ganhou força com a gestão do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Essa mudança na regra do jogo é considerada uma reação dos parlamentares diante da perspectiva de grande renovação na Câmara como consequência das denúncias da operação Lava Jato.
Distante
No Brasil, os políticos vivem uma realidade completamente diferente do cidadão que representa. Ou deveria representar. Daí que esse fosso simboliza o divórcio entre representantes e representados, com os primeiros levando uma vida nababesca, enquanto boa parte do povo vive em condições precárias. Quando se fala sobre o custo de cada político no Brasil essa reflexão vem à tona. Sem contar as aposentadorias precoces e pensões vitalícias, é fácil entender como políticos, mesmo sem mandato, financiam suas defesas com advogados de grande expressão, alguns com passagem inclusive como ministro do Supremo Tribunal Federal. E cujos elevados honorários nenhum comum dos mortais teria como arcar.
Custo amargo
Há algum tempo, o jornal Folha de São Paulo aprofundou o assunto ao concluir que o congressista brasileiro é o segundo mais caro do mundo, comparando a outros 110 países, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a Associação Contas Abertas, o maior orçamento é o da Câmara dos Deputados que, além de 513 deputados, tem cerca de 16 mil funcionários. Para a Câmara, a previsão de gastos é de R$ 5,9 bilhões para este ano, sendo que 81% (R$ 4,4 bilhões) serão destinados ao pagamento de pessoal e encargos sociais.
José Renato

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