Em delação premiada, o ex- presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio, Jonas Lopes de Carvalho Júnior, afirma que a empresa Agrobilara, de propriedade do presidente licenciado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Jorge Picciani (PMDB), e de seu filho, o atual ministro do Esporte, Leonardo Picciani, teria sido usada para lavagem de dinheiro da corrupção. A delação foi dentro das investigações da Lava Jato no Rio.
Ano passado, uma ex-funcionária da Carioca Engenharia afirmou, em acordo de leniência com a Lava Jato, que comprou vacas superfaturadas da Agrobilara, com o objetivo de “gerar dinheiro em espécie” para a empreiteira. Os valores seriam usados no caixa dois da Carioca.
Dessa vez, segundo Jonas Lopes, R$ 500 mil oriundos de corrupção foram usados na compra subfaturada de cem cabeças de gado da raça girolando da Agrobilara, de modo a dissimular a natureza ilícita dessa quantia. A transação, disse ele, foi em 2014.
Jorge Picciani divulgou nota defendendo-se da acusação: “Mais uma vez, Jonas Lopes mente na tentativa de me envolver. Todas as operações da Agrobilara, inclusive as poucas que fizemos com esse senhor, foram devidamente auditadas, com notas fiscais emitidas e impostos recolhidos, a preços compatíveis aos praticados no mercado de animais girolandos, de leite”, justificou. Picciani está licenciado da Alerj para tratamento de um câncer.
Em abril, outra parte da delação havia sido divulgada. Lopes disse na ocasião que Jorge Picciani sugeriu ao TCE a criação de uma “caixinha” para que os conselheiros do tribunal tomassem decisões favoráveis a empresários de ônibus. O esquema renderia cerca de R$ 60 mil mensais a cada um deles.
Em março, a Polícia Federal prendeu o então presidente do TCE, Aloysio Neves, outros quatro conselheiros e um ex-conselheiro do órgão, durante a Operação Quinto do Ouro. Picciani foi alvo de uma condução coercitiva, que é quando alguém é levado para depor. A operação teve como base as delações premiadas de Jonas Lopes e do filho dele, Jonas Lopes de Carvalho Neto. Após as delações, consideradas “seletivas” por alguns setores, os dois passaram 40 dias fora do país. (S.M.) (A.N.)