A Procuradoria Geral da República denunciou, nessa segunda-feira (21), o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho Filho, o filho dele, o advogado Jonas Lopes de Carvalho Neto, e outras três pessoas, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, quadrilha e crime contra o sistema financeiro. Os dois Jonas foram alvo da operação Quinto do Ouro, que teve como objetivo desarticular uma quadrilha que atuaria no TCE. Eles fecharam delações premiadas, que podem implodir a estrutura política fluminense. No entanto, um velho conhecido da família Lopes de Carvalho, o ex-governador Anthony Garotinho, teria sido poupado.
Também foram denunciados o operador e ex-funcionário do TCE Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda; o doleiro e dono da corretora de valores Hoya Alvaro Noviz; e Edimar Dantas, funcionário da corretora Hoya. Todos também fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, os alvos da operação são acusados de fazerem parte de um esquema de pagamentos de vantagens indevidas que pode ter regularmente desviado valores de contratos com órgãos públicos para agentes do Estado, em especial membros do TCE e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Durante a operação, os conselheiros Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar, José Nolasco e Aluísio Gama chegaram a ser presos com base nas delações de Jonas Lopes de Carvalho Filho. O atual presidente do tribunal de contas, Aloysio Nunes, está em prisão domiciliar. Durante a operação, o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), foi alvo de condução coercitiva. Picciani é suspeito de organizar pagamentos de propina da Fetranspor aos conselheiros do TCE.
O ex-presidente do TCE foi indicado ao órgão pelo então governador Garotinho, em 2000. Advogado formado pela Faculdade de Direito de Campos e filho do criminalista Jonas Lopes de Carvalho, Jonas Filho já foi procurador-geral da Prefeitura de Campos e presidiu o TCE entre 2011 e 2016, período das obras para a Copa do Mundo e Olimpíada. Ele também foi responsável pela fiscalização de todos os municípios fluminenses, com a exceção do Rio de Janeiro.
Já Jonas Lopes de Carvalho Neto foi advogado de Anthony Garotinho em diversas ações. Foi Jonas Neto que apareceu no vazamento do áudio com Garotinho que levantou a suspeita de uma possível estratégia para um habeas corpus no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pouco antes de ser preso no âmbito da operação Chequinho, em novembro do ano passado. (A.S.) (A.N.)