Paula Vigneron
17/08/2017 20:54 - Atualizado em 21/08/2017 17:24
“Viemos de uma eleição, uma linda eleição, com mais de 151 mil votos no primeiro turno, ganhando nas sete zonas eleitorais. O primeiro prefeito da história que ganhou nas sete zonas. Mas temos que fazer uma opção: fazer apenas pelo voto, para garantir imagem e popularidade, ou fazer aquilo que é correto para o bem do município. Eu decidi, por mais difícil que seja, por preservar o município, por ser responsável e arrumar as contas”. A declaração foi dada pelo prefeito Rafael Diniz (PPS), em entrevista, nesta quinta-feira, ao programa Panorama Continental, da rádio Continental, do Grupo Folha. Em meio a um cenário de crise financeira, o gestor reforçou a importância das medidas tomadas nos últimos meses para tentar garantir os serviços essenciais ao município. Diniz também falou de assuntos polêmicos, como ponto biométrico e carga horária para servidores e programas sociais.
Na noite da última quarta-feira (16), o prefeito se reuniu com médicos, em um encontro mediado pelo Sindicato dos Médicos de Campos (SMC). Com as dificuldades financeiras, Rafael tem buscado diálogo com estes profissionais para solucionar os problemas, incluindo a carga horária e instalação de pontos biométricos. Na próxima semana, haverá um novo encontro.
— Em hora nenhuma, a gente vai obrigar as pessoas a cumprirem uma carga horária que não seja a delas. Vai ser a carga horária que está estabelecida em lei. Jamais vamos para fora da legalidade — afirmou, ressaltando que propôs aos profissionais uma escala, com servidores efetivos, que gere redução de custos para o município e seja adequada às demandas de atendimento. Quando pronta, será apresentado um projeto de lei na Câmara de Vereadores para a redução de 40 para 30 horas semanais. “Mas preciso que me mostrem um caminho. Enquanto as pessoas não me mostram um caminho, só eu sei que está faltando dinheiro para pagar. Então, preciso tomar uma decisão”, disse.
Quanto ao ponto biométrico, Rafael pontuou que o controle valerá para todos os servidores, sejam eles concursados, comissionados ou temporários, deve cumprir o seu horário. “Ele sempre foi para todo mundo. Todo servidor vai ter que cumprir e provar que está cumprindo sua carga horária. Cidades vizinhas têm; cidades importantes do Brasil têm. Campos precisava ter”, declarou.
À frente da Prefeitura desde janeiro, Rafael gere a cidade com metade da arrecadação do governo passado: R$ 1,5 bilhão. Com redução da verba, dívida de mais de R$ 2,4 bilhões e déficit mensal de R$ 35 milhões. O prefeito relatou que tem pagado aos servidores em dia. “A gente manteve em dia o salário dos servidores efetivos. Conseguimos pagar no último dia útil do mês. Uma semana depois, pagamos os comissionados (DAS). Logo depois, conseguimos pagar grande parte de todos os RPAs. Os únicos que não receberam ainda foram os médicos por uma questão de não termos dinheiro para pagar. Estamos tentando juntar para efetuar o pagamento. É importante deixar claro para a população que, quando a gente fala que não tem dinheiro, é porque realmente não tem. Não estamos desperdiçando como lá atrás. Estamos escolhendo aquilo que podemos pagar. E o primeiro ponto é pagar ao servidor”, afirmou.
O prefeito também disse que existe um projeto para a volta do Restaurante Popular. “A gente não é contra programa social. Muito pelo contrário, (mas) não deixaram dinheiro para continuar tocando. Mas estamos estudando possibilidades de voltar o quanto antes. E, mais que isso, voltar com custo zero ou quase zero para a Prefeitura através de parceria”, pontuou.