Aldir Sales e Suzy Monteiro
12/08/2017 17:28 - Atualizado em 17/08/2017 13:49
Quais os 25 vereadores que estarão na próxima sessão da Câmara de Campos? Com a instabilidade política que o Legislativo vive através dos desdobramentos da operação Chequinho, que apura um esquema de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição, essa pergunta é impossível de ser respondida hoje. Na última quarta-feira, o vereador eleito e não diplomado em dezembro do ano passado por decisão da Justiça Eleitoral, Jorge Rangel (PTB), conseguiu derrubar a restrição no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e está com a posse marcada para a próxima terça-feira (15). Rangel entra no lugar da suplente Joilza Rangel (PSD) e, em apenas oito meses, se tornará o 36º parlamentar a ocupar o cargo. As mudanças, porém, ainda não ameaçam a maioria da bancada governista, embora a oposição aposte em um fortalecimento no decorrer do tempo.
Líder do governo, Fred Machado (PPS) destaca que nunca teve problemas com nenhum vereador de oposição: “Sempre houve um tratamento de muito respeito”, afirma, mas lamenta as alterações, dizendo que acabam levando prejuízo para os próprios vereadores e, em consequência, para a oposição.
— Os problemas jurídicos que eles enfrentam atrapalham o andamento dos projetos deles, por exemplo. Quando algum sai, o projeto acaba ficando suspenso e é um problema para quem apresentou. Meu desejo é que tudo se ajuste para que os trabalhos possam fluir em favor da população. Os que tiverem culpa, que sejam condenados e os que não tiverem, que sejam absolvidos — afirmou o vereador, informando que a bancada de situação continua coesa, na defesa dos interesses da população.
O mesmo fala o vereador governista Genásio (PSC): “Independente de qualquer mudança, o governo continua tendo a maioria e nosso grupo é unido. A hora é de darmos as mãos para atravessar este momento difícil e ajudar o prefeito Rafael Diniz (PPS) a governar”.
Membro da oposição, o vereador Thiago Ferrugem (PR) diz que a bancada optou por não se formalizar, nem escolher um líder: “Estamos trabalhando em forma de colegiado. É uma maneira de não perdermos tempo de fala, porque, com um líder, somente ele pode fazer o encaminhamento de votos, por exemplo”, explicou o vereador.
Ferrugem disse que o grupo ainda não conversou com Jorge Rangel para saber o posicionamento dele — Joilza Rangel era oposição. Segundo sua avaliação, as mudanças das bancadas acontecerão: “A medida em que a insatisfação popular vá crescendo, é natural que alguns vereadores deixem o governo. Acredito que, primeiro, a tendência é que se declarem independentes para depois virar oposição. Infelizmente, o governo não tem demonstrado capacidade de superar os desafios e isso tem se refletido nas ruas e, com certeza, na Câmara”, disse.
Líder do G5 — governistas que têm bancada própria — Silvinha Martins já afirmou que o grupo está “firme e forte”: “Está tudo certinho e em breve poderemos ser G7 ou G8. Neste momento, porém, somos o G5, que faz parte da base do governo Rafael, mantendo claro nosso posicionamento”, afirmou.
Mudanças começaram antes da diplomação
As primeiras mudanças aconteceram antes de 1º de janeiro. Jorge Rangel esteve no grupo de seis eleitos e que sequer foram diplomados por decisões da 100ª e 76ª Zonas Eleitorais de Campos. Além dele, Thiago Virgílio (PTC), Linda Mara (PTC), Kellinho (PR), Ozéias (PSDB) e Miguelito (PSL) foram barrados literalmente no baile, pouco antes da cerimônia de diplomação no Teatro Trianon.
Desta forma, assumiram seus lugares no primeiro dia de legislatura Carlos Alberto Canaã (PTC), Cabo Alonsimar (PTC), Joilza Rangel (PSD), Geraldinho de Santa Cruz (PSDB) e Álvaro Oliveira (SD), além de Neném (PTB), na vaga de Jorge Rangel. Dos substitutos, Canaã e Geraldinho também são investigados na Chequinho e já deixaram o Legislativo após a volta dos titulares.
Com suplentes, a Câmara viveu dias de certa estabilidade até abril. Thiago Ferrugem chegou a ser afastado pela Justiça Eleitoral, mas Thiago Godoy (PR) preferiu não entrar no lugar do colega de partido e, dias depois, Ferrugem conseguiu reverter a decisão anterior. Dia 20, Cecília Ribeiro Gomes (PTdoB), também investigada, perdeu a cadeira, mas por outro motivo: Marcos Bacellar (PDT), que concorreu ao pleito com os votos congelados, conseguiu reavê-los no Tribunal Superior Eleitoral, e, após recontagem, tirou Cecília da Casa.