Cidadania através do futebol
Jéssica Felipe 12/08/2017 15:52 - Atualizado em 15/08/2017 16:33
Projeto Ajudar em SJB
Projeto Ajudar em SJB / Foto: Paulo Pinheiro
Em São João da Barra um projeto tem unido esporte e coletividade. É o “Projeto Ajudar”, uma ação que nasceu no coração de dois profissionais do futebol em prol de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Mais que uma escolinha de futebol, a atividade esportiva funciona como ferramenta de transformação social. Criado há pouco mais de um ano e meio, o projeto atende, em média, 220 atletas de 5 a 17 anos, com recursos adquiridos a partir de ações coletivas, como rifas, bingos e barraquinhas. Aqui o time de peso não é composto apenas pelos jovens talentos, técnicos e pais de alunos formam a equipe de voluntários.
O projeto teve início em janeiro de 2016, quando o técnico de futebol Júnior Sena e o jogador profissional Danilo Cintra tiveram a oportunidade de participarem de um torneio na cidade de Quissamã, levando jovens e adolescentes para a competição. “Convidamos alguns talentos que já conhecíamos e começamos a treinar. Quando retornamos, sentimos a necessidade de dar continuidade. O mundo oferece muita coisa de ruim, de uma maneira muito fácil. Nos destinamos, então, a criar outras possibilidades”, contou Sena que, a partir de então, abdicou da carreira para se dedicar ao projeto.
Projeto Ajudar em SJB
Projeto Ajudar em SJB / Foto: Paulo Pinheiro
O técnico explica que o objetivo sempre foi utilizar o esporte como ferramenta para a formação de cidadãos de bem, tirando as crianças das ruas, das drogas, incentivando no desenvolvimento escolar e principalmente auxiliando os pais na educação. Os treinos acontecem no Estádio Municipal Manoel José Viana de Sá, três vezes na semana, nos dois turnos. O espaço é cedido pela Prefeitura e, atualmente, encontra-se em manutenção.
Danilo Cintra, 32 anos, jogador sanjoanense, consagrado no futebol português, resume um pouco do seu papel em passar para os jovens e adolescentes a importância da disciplina, da dedicação e trabalho em equipe. “O esporte no nosso projeto não vem no primeiro plano. Que o resultado principal venha fora dos campos”, contou. Para ele, a oportunidade é de devolver para a sociedade um pouco do que já recebeu com o futebol.
Noel Júnior, jogador macaense, chegou a São João da Barra em 2013 e, encantado pela proposta, logo voluntariou-se a auxiliar técnico: “Aprendemos mais do que ensinamos. Todo dia ouvimos um testemunho de vida. Particularmente, é muito especial, por que eu sou de família humilde e fui muito ajudado quando comecei. Com essa oportunidade posso retribuir”.
A equipe fica completa com Júlia Monteito, de 29 anos, a fisioterapeuta que tem se especializado em atendimento esportivo justamente por ter se envolvido no projeto. “Eu não atuava nessa área, mas aceitei o desafio logo que foi proposto. Me sinto motivada a aprender mais a cada dia, para atender eles melhor”, ressalta a jovem, que atua voluntariamente com todos os alunos lesionados.
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O adolescente Rodrigo Felipe, de 16 anos, é um dos atendidos pelo “Projeto Ajudar”. ‘‘O projeto veio pra somar na minha vida, me tirou de amizades erradas e da rua. O projeto me acolheu muito bem e é assim com todos. Nele encontramos amizades certas e amigos pra todas as horas, lá eu aprendi a viver a vontade de Deus porque no projeto não é pregado coisas erradas. É onde eu quero estar todo momento’’, Rodrigo Felipe, 16 anos.
Mães comentam sobre mudanças dos filhos
Com o decorrer do projeto, uma torcida organizada bem especial se formou: “As Traíras”, como carinhosamente são conhecidas as mães dos alunos. Nome curioso que surgiu a partir de uma brincadeira entre o treinador e o grupo.
Juntas, elas organizam várias ações para manutenção do projeto e afirmam ser esta a maneira de agradecerem pelo resultado da ação na vida dos seus filhos.
— Meu filho, por exemplo, era muito levado. Com a minha participação, ele melhorou muito — pontuou Rita Amaral, mãe do Miguel Batista de 12 anos.
A mãe do adolescente Ryan de 11 anos, Ariana Marques, também falou sobre o projeto. “Com disciplina e regras, o projeto está ajudando na educação das nossas crianças. Eles estão amadurecendo pra vida”, disse.
Mirian Rodrigues, mãe de Lucas e Matheus Muniz, fez coro às colocações das duas outras mães. “O projeto se preocupa com questões que nos auxiliam. A bebida, as drogas, as ruas. Eu que sou mãe de adolescentes fico muito grata”, observou. 
Grupo prepara almoço beneficente no dia 20
Para o próximo domingo (20), o “Projeto Ajudar” prepara um almoço dançante às 13h, no Clube Portuguesa, Centro de São João da Barra, com intuito de arrecadar fundos para a compra de 120 uniformes, número dos novos alunos, acolhidos em 2017. O evento contará com atrações musicais e a comida será preparada pelas “Traíras”. Para aqueles que não puderem curtir o ambiente, as mães fazem uma observação: “Serão vendidas quentinhas!”.
Para o idealizador, Júnior Sena, a dificuldade com os recursos financeiros não limita o número de alunos. “Independente do quantitativo, com a fé em Deus vamos sempre conquistar nossos objetivos e atender a quantos vierem”, afirma com emoção o treinador. A atual bandeira de luta é para que o projeto vire uma Associação. Os ingressos para o almoço podem ser adquiridos antecipadamente com a coordenação ou no local do evento.

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