Jéssica Felipe
05/08/2017 19:25 - Atualizado em 08/08/2017 13:50
“Um ânimo novo, um sopro de vida!”, essa é a definição dada pelo secretário de Saúde de São Francisco de Itabapoana, Sebastião Campista, ao falar do plano de reforma do Hospital Municipal Manoel Carola (HMMC). A unidade foi fundada em 1949, como Associação Filantrópica Ruy Barbosa, a partir de esforços da população, tendo a frente o comerciante Manoel Bernardo de Oliveira, que mais tarde deu nome ao hospital. Na época, São Francisco ainda pertencia a São João da Barra. A partir de 2003, a unidade foi municipalizada. As obras, iniciadas na última segunda-feira (31), fazem parte de um planejamento da gestão da prefeita Francimara Barbosa Lemos, divido em três fases. O hospital é único na região e atende por mês cerca de sete mil pessoas. A previsão para conclusão dos trabalhos é para início de outubro.
Sebastião Campista, explica que a primeira etapa, trata de uma intervenção para corrigir situações emergenciais na estrutura física da unidade, como por exemplo, a rampa metálica, a pintura da parte externa, a reforma para reabertura da sala de estabilização e adequação de um espaço para implantação de um laboratório de análises clínicas. A segunda etapa prevê a melhora do suporte assistencial da unidade hospitalar, com aquisição de equipamentos. A terceira e última fase das obras, prevê a ampliação da oferta de serviços do Manoel Carola.
— Basicamente a intervenção que estamos fazendo neste momento é a primeira fase desse planejamento, que envolve essas três etapas — ressaltou o secretário.
O Hospital Municipal Manoel Carola atende as áreas de clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, além de exames complementares.
— É uma unidade de extrema importância para o município, pois é a referência para os casos de maior complexidade. O plano de reforma é algo crucial para a unidade, pois melhora consideravelmente a logística de atendimento aos pacientes e as condições de trabalho para os funcionários. O objetivo principal é aprimorar o atendimento à população, sendo realizado de forma mais humanizada, atendendo as solicitações da prefeita Francimara — considera o diretor clínico da unidade, Eder Marins.
Associação foi fundada em 1949 por Manoel Carola
Associação foi fundada em 1949 por Manoel Carola
Associação foi fundada em 1949 por Manoel Carola
Unidade fundada com esforço da população
O Hospital Municipal Manoel Carola nasceu da vontade e caridade do comerciante Manoel Bernardo de Oliveira, mais conhecido como Manoel Carola. Homem de pouco estudo, nascido e criado na localidade de Ponto de Cacimbas, pai de sete filhos, que teve como objetivo de vida o trabalho ao próximo. Após a morte de uma moradora idosa, são franciscanos do local, liderados por Manoel, fundaram a Associação Filantrópica Ruy Barbosa, em 1949, inicialmente como unidade de atendimento à idosos. Nesse período São Francisco do Itabapoana ainda era sertão de São João da Barra.
Gessé de Oliveira, filho de Carola, relembra com muita emoção a trajetória do pai. “Ele começou o projeto com um pequeno espaço que servia como abrigo para os idosos. Sua motivação surgiu a partir da situação da Dona Maria Cordeiro, essa senhora falecida à porta de um barraco de braços abertos. Ela morava sozinha na época, ficou doente e morreu dentro de casa, seu corpo só foi encontrado um dia depois’’, conta.
O hospital passou por momentos difíceis, chegando a ficar dois anos fechado. Em 1997, com a emancipação do município, a instituição foi reaberta passando a ter gestão compartilhada entre a Associação e a prefeitura. No ano seguinte, aos 81 anos, Seu Manoel Carola faleceu e como homenagem, a instituição passou a ter seu nome. Somente em 2003, o prédio foi adquirido e municipalizado pela prefeitura.
Esforço para garantir soro antiescorpiônico
No final de julho, a direção do HMMC recebeu o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Cláudio Maurício Vieira de Souza, para o levantamento de alguns dados sobre os casos de ataques de escorpiões em São Francisco. Os dados coletados deverão respaldar um projeto que ajudará o município no credenciamento do hospital como distribuidor do soro antiescorpiônico para as vítimas de picadas.
— Fica evidente a necessidade do soro para o município pelo fato do escorpião ser endêmico nessa área, contribuindo para um elevado numero de vitimas, incluindo casos que culminaram em óbito. Além disso, vale ressaltar a vasta extensão territorial e a distância do hospital para com a referência de atendimento desses casos (Hospital Ferreira Machado). Estamos em ação conjunta envolvendo a prefeitura municipal, secretaria de Saúde, vigilâncias epidemiológica e ambiental e Fiocruz visando minimizar os incidentes com escorpiões e viabilizar o credenciamento do nosso hospital para disponibilização do soro garantindo um melhor atendimento para a população — considera o diretor do hospital, Eder Marins.
De acordo com Cláudio Maurício, antes da fase de pesquisa de campo em São Francisco, o projeto passou pelo Comitê de Ética da Fiocruz. “Agora preciso mapear as famílias porque é importante escutar. Além de ganho acadêmico, vamos fazer análise técnica, já que o escorpião é um bicho endêmico desta área. Destaco que o soro é gratuito e o Brasil produz um dos melhores soros do mundo. Em todo o Estado temos nove espécies diferentes de escorpião, sendo o de cor amarela, o pior entre eles”, explicou o pesquisador.