Paula Vigneron
31/08/2017 11:08 - Atualizado em 01/09/2017 12:59
Fernando Soares de Araújo. Vinte e um anos. Morador do Jóquei, em Campos. Na noite da última terça-feira, saiu de casa, de bicicleta, por volta das 22h, para visitar a namorada. No meio do caminho, quando seguia para a ciclovia da Avenida Arthur Bernardes, foi abordado por assaltantes. Queriam o celular. Na ação, antes de sair, um deles, de 15 anos, disparou um tiro. A bala atingiu o tórax do rapaz. Fernando morreu no Hospital Ferreira Machado (HFM).
Um policial à paisana acompanhou o crime. Tentou deter o suspeito, que atirou, também, em direção ao militar. Este disparou contra o adolescente e o atingiu. Depois, correu para capturar outro participante, de 17 anos, que conseguiu escapar e compareceu à delegacia, junto ao terceiro envolvido, na tarde de quarta-feira, após o fato ser noticiado. O executor foi socorrido e levado para o HFM.
Na manhã seguinte, horas após a morte de Fernando, com o braço esquerdo engessado e curativos nas costas, o executor chegou à delegacia para prestar depoimento. Sorria enquanto caminhava junto aos policiais. Simultaneamente, familiares e amigos de Fernando aguardavam, na porta do Instituto Médico Legal (IML), a liberação do corpo. Entre lágrimas, comentários sobre o rapaz: "um bom menino","menino de ouro", "nosso menino se foi", ditos em meio a abraços de consolo.
Na porta da unidade, rodeada por homens e mulheres, a mãe de Fernando, Ana Maria da Silva Soares, recebia afeto dos que chegavam. Seu menino era estudante e trabalhava como vendedor em uma loja de peças de motos. Prestativo com todos. Não havia nada de ruim que pudessem falar sobre ele. "Aquele ali é um anjo, que já está lá, nos braços de Nossa Senhora", afirmou. Ela acredita que a morte tenha sido fruto de uma busca dos assaltantes por dinheiro. Ana Maria costumava alertá-lo para não reagir a assaltos. Por isso, crê que o filho tenha seguido seu conselho.
Na delegacia do Centro, após ouvirem o depoimento do adolescente suspeito, policiais civis e militares se organizaram em uma busca pela cidade, com o objetivo de encontrar os outros envolvidos. Os agentes levam o menor, que percorre o pátio, na parte de trás da unidade, enrolado em um lençol do Hospital Ferreira Machado. Tenta esconder o rosto dos flashes do fotógrafo. Ao perceber a impossibilidade, encara-o, franzindo o rosto que, outrora, estampara o sorriso despreocupado com o fato de que, naquele mesmo momento, parentes e amigos se preparavam para a despedida de um rapaz morto por suas mãos.