Em represália as constantes fiscalizações que o Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT) e da Guarda Municipal, com apoio da PM tem realizado para coibir os veículos clandestinos e o transporte irregular de passageiros, motoristas de lotadas realizaram novo protesto e pararam o trânsito em Campos na tarde desta quarta-feira, durante 3 horas. O trânsito sofreu retenção nas principais vias da cidade, no horário de rush, ficando com o tráfego totalmente paralisado. Os manifestantes, munidos de cartazes e soltando fogos, fecharam quatro pontos importantes do município: Avenida José Alves de Azevedo (Beira-Valão), Tenente Coronel Cardoso (Formosa), Gil de Góis e Alberto Torres.
Essa não é a primeira vez que protestos como esse são realizados em Campos e atrapalha o ir e vir dos cidadãos. Desde janeiro, essa é a quinta manifestação realizada pelos motoristas que seguem questionando as fiscalizações da IMTT. Eles afirmam que não são contra as fiscalizações, mas que devem ser feitas também com as empresas de ônibus. “A Prefeitura quer que estejamos em dia com a documentação, mas não faz o mesmo com os ônibus. Tem muitos aí que estão rodando com documento de 2015 e eles não fazem nada. Queremos igualdade para todos”, informou um motorista, que não quis se identificar.
Na rua Tenente Coronel Cardoso, próximo de um colégio particular da cidade, a Guarda Civil Municipal precisou intervir e orientar que o carros retornassem pela contramão. Uma senhora que estava presa no trânsito informou que levou uma hora para chegar até o colégio, mesmo assim, não conseguiu pegar o seu filho.
— As crianças estão presas na escola porque os pais não estão conseguindo chegar até o portão. Está tudo parado e não sabemos o que fazer. Demorei muito para chegar e agora não consigo ir para casa — informou Carolina Lima.
Dezenas de vans ficaram estacionadas no meio da pista, um nó se formou no trânsito; Enquanto isso, pessoas que estavam em ônibus, táxis , veículos particulares e outros que são os tipos de transportes de passageiros considerados legais em Campos, tiveram que sofrer com o bloqueio do transporte irregular. Os pontos de ônibus ficaram lotados e muitos motoristas reclamavam de ficar parados no trânsito por tanto tempo.
— Estou preso nesse trânsito tem duas horas e não entendo o motivo dessa manifestação. Lei é lei e todos têm que andar regularizados. Se eles estão fiscalizando, tem coisa errada. Vejo muitas vans circulando pela cidade em péssimo estado de conservação. No horário de pico, tem gente em pé e os veículos abarrotados colocando em risco os passageiros — disse o comerciante Luís Pereira.
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Campos informou que o IMTT realiza operações semanais de fiscalização com o principal objetivo coibir o transporte não legalizado. Operações também são realizadas direcionadas aos táxis, ônibus e vans, onde é possível, através de registros, identificar ações administrativas direcionadas a todos os modais citados, caso estes tenham sido encontrados com alguma irregularidade no exercício do trabalho. Além de coibir transporte irregular, a medida também visa melhorar a mobilidade urbana, bem como segurança da população.
Manifestações — No dia 19 de janeiro, motoristas de lotadas chegaram a fechar a avenida José Alves de Azevedo, próximo ao Mercado Municipal, e o trânsito também ficou totalmente parado. Na ocasião, o fluxo de veículos ficou bloqueado na rua Tenente Coronel Cardoso (antiga Formosa) no cruzamento com a avenida José Alves de Azevedo.
Em fevereiro, motoristas de transportes clandestinos, fecharam completamente por duas horas a avenida XV de Novembro. A ação teve início após a apreensão de três veículos durante uma fiscalização do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro-RJ).
Em julho, motoristas de lotadas interditando a avenida XV de Novembro. À tarde e à noite, topiqueiros voltaram a tumultuar o trânsito na cidade, na avenida José Alves de Azevedo, na descida da ponte Leonel Brizola, onde colocaram fogo na pista, e na avenida 28 de Março, onde bloquearam o trânsito.
Ainda no mês de julho, motoristas do transporte irregular de passageiros fecharam a subida da ponte Alair Ferreira, em Guarus, em mais um protesto contra a fiscalização do município. O protesto engarrafou o trânsito de Campos. Cerca de 100 manifestantes atearam fogo em pneus e galhos e congestionamento se estendeu também à ponte General Dutra, até, aproximadamente, a primeira passarela da BR 101 (Campos-Vitória).
Ameaça ao presidente do IMTT e hostilidade contra equipe de reportagem
Apesar de todas as irregularidades, alguns manifestantes, em outras oportunidades, já chegaram a hostilizar a equipe de reportagem da Folha da Manhã e até ameaçar de morte o presidente do IMTT, Renato Siqueira. Na manifestação realizada no dia 28 de julho, com a participação do ex-vereador Albertinho (PMB), conhecido como “homem bomba” do governo Rosinha Garotinho e condenado em primeira instância por suposto envolvimento no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição, motoristas de lotadas hostilizaram verbalmente a equipe de reportagem da Folha da Manhã que esteve no local. Um manifestante chegou a dar um empurrão no repórter fotográfico, enquanto outro tentou impedir a filmagem do protesto, com a mão sobre o celular do repórter. Os agressores tiveram que ser contidos pelos policiais militares que estavam acompanhando o protesto.
Após uma das fiscalizações, o presidente do IMTT, Renato Siqueira, foi ameaçado de morte por um cobrador de van que ficou insatisfeito ao ser abordado durante uma operação de rotina realizada pelo órgão. Após a abordagem, o suspeito teria ido à sede do órgão, mas não encontrou Renato, deixando um recado com os outros funcionários: “sorte dele, que vai ganhar mais algumas horas de vida”. O suspeito foi levado para a delegacia e a van detida, que está registrada na Prefeitura na linha Nova Brasília x Centro, estava com o motor adulterado.
