Jhonattan Reis
15/08/2017 17:56 - Atualizado em 18/08/2017 14:17
Atendendo a um pedido da coordenação da pós-graduação em Literatura, Memória Cultural e Sociedade do Instituto Federal Fluminense (IFF) campus Centro e da graduação em Letras, da mesma instituição, o Kinoplex Avenida — situado no Shopping Avenida 28 — fará, nesta quarta-feira (16), às 19h, uma sessão extra do longa-metragem “O Filme da Minha Vida”, dirigido por Selton Mello. A exibição faz parte de uma atividade da graduação e da pós, de uma matéria chamada “Semiótica da Cultura”. Ainda falando de cinema, nesta quarta tem suspense/drama argentino no Cineclube Goitacá. O longa-metragem “Nove Rainhas” (Nueve Reinas, 2001), do diretor Fabián Bielinsky, será apresentado nesta noite pelo advogado e publicitário Gustavo Oviedo. A sessão começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — localizado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos —, e tem entrada gratuita.
De acordo com o coordenador da pós em Literatura, Memória Cultural e Sociedade do IFF, Adriano Moura, a sessão de “O Filme da Minha Vida” servirá para análise e debate entre alunos.
— Será desenvolvida uma discussão acerca do filme, fazendo uma ligação com a disciplina “Semiótica da Cultura”, ministrada pela professora Ana Poltronieri. Esta matéria está presente tanto na graduação em Letras quanto na pós, mas com ementas diferentes. Serão cerca de 100 alunos na sala de cinema, sendo que a sessão será fechada para eles e para os professores que também estarão presentes. E esta sessão extra é bem importante. Este filme vem sendo exibido às 21h. Porém, como ficaria tarde demais para os alunos, solicitamos esta exibição das 19h.
A professora Ana Poltronieri, que coordena a graduação em Letras, explicou sobre a relação entre o filme e a disciplina “Semiótica da Cultura”.
— Essa relação se dá na questão do sistema modelizante, um tipo de linguagem que transmite cultura, informação. Há, no filme, vários sistemas modelizantes contínuos que se relacionam. Então, daí vem a importância de levarmos os alunos para assistir a esta obra. Além disso, “O Filme da Minha Vida”, que contém um outro filme dentro dele, é um ótimo longa, que verei pela segunda vez — disse Ana.
Em “O Filme da Minha Vida”, o jovem Tony (Johnny Massaro) decide retornar a Remanso, Serra Gaúcha, sua cidade natal. Ao chegar, ele descobre que Nicolas (Vincent Cassel), seu pai, voltou para a França alegando sentir falta dos amigos e de seu país de origem. Tony acaba se tornando professor, e se vê em meio aos conflitos e inexperiências juvenis.
Cineclube — Já no Cineclube Goitacá, Gustavo Oviedo apresenta mais um filme argentino — já exibiu outras obras como “Garage Olimpo” (Garage Olimpo, 1999), “Relatos Selvagens” (Relatos Salvajes, 2014) e “O Cidadão Ilustre” (El Ciudadano Ilustre, 2017). “Nove Rainhas”, explica Oviedo, foi escolhido por conta de sua qualidade e originalidade.
— Sempre tento escolher apenas aqueles filmes que se destacam, independente de sua nacionalidade. Nove Rainhas é um filme do ano 2000, dirigido pelo então estreante Fabián Bielinsky. Trata-se de um “filme de trapaceiros” ou “con artist movie”, em inglês, um subgênero dentro do policial, como são “Onze homens e um Segredo” (Ocean’s Eleven, 2001) ou “Golpe de Mestre” (The Sting, 1974).
Na trama, Marcos (Ricardo Darín) e Juan (Gastón Pauls) são dois picaretas que atuam nas ruas de Buenos Aires e que estão prestes a dar o golpe de suas vidas. Os dois se conhecem numa madrugada, após Juan tentar dar um golpe em um balconista, e resolvem se unir para participar de uma negociação milionária, envolvendo uma série de selos falsificados conhecidos como “Nove Rainhas”.
Um milionário espanhol está interessado em comprar a série. Porém, como ele deixará a cidade ao amanhecer, o negócio precisa ser realizado imediatamente. Com isso, o veterano Marcos ensina a Juan os segredos do ofício e a cada passo que dão encontram novos ladrões e farsantes, sendo que não poderão confiar em ninguém, nem mesmo um no outro.
— Contar toda essa história de forma verossímil exige do diretor uma habilidade especial para, ele próprio, ser o principal enganador, e Bielinsky consegue isso através de um roteiro muito bem amarrado. Este filme colocou o protagonista, Ricardo Darin, como a figura principal do cinema argentino. Antes, Darin era um ator de comédias de televisão muito popular, mas sem o prestígio e o reconhecimento que viria a ter depois de “Nove Rainhas” — destacou Oviedo.
O apresentador da noite lembrou, ainda, que Bielinsky realizou apenas mais um longa depois de “Nove Rainhas”. “Foi ‘A Aura’ (El Aura, 2006), também protagonizado por Ricardo Darin. E esse filme é completamente diferente de ‘Nove Rainhas’. Trata-se de uma historia policial que se passa na Patagonia, num tom lúgubre e introspectivo. É outro grande filme. Infelizmente, Bielinsky morreu aos 46 anos e sua promissória filmografia ficou interrompida”.
Oviedo comentou sobre as impressões de assistir a este filme pela primeira vez. “Foi uma bela surpresa, porque nós argentinos não estávamos acostumados a assistir filmes nacionais com esta qualidade. Felizmente, ele (Bielinsky) inaugurou uma nova geração de diretores muito talentosos, que priorizam a narrativa por cima da ideologia — ou ao menos a colocam no mesmo patamar — e que deram ao cinema argentino o reconhecimento e a popularidade que tem hoje em vários países, especialmente aqui no Brasil”. finalizou.