Jhonattan Reis
01/08/2017 09:13 - Atualizado em 04/08/2017 22:28
Ainda criança, quando tinha oito anos, o auxiliar administrativo Erik Ferreira, de 22, descobriu que tinha uma paixão um tanto diferente: ônibus. O interesse por esse tipo de veículo foi crescendo junto com o garoto Erik e, com tempo, ele começou a prática da busologia, que não é tão popular. Busologia é o termo usado para indicar a atividade, geralmente praticada como hobby, do estudo de ônibus e de assuntos relacionados a esse tipo de veículo, como história, sistemas de transportes, empresas operadoras, fabricantes de veículos, motores e carrocerias. Erik explicou como é ser um busólogo.
— Entre nossas práticas, estão colecionar objetos ligados a ônibus, como miniaturas, além de juntar e fazer fotografias, desenhos e pinturas ligadas ao veículo. Também há encontros, exposições e debates ligados à busologia. É um hobby, é o que gosto de fazer quando tenho um tempo livre — comentou ele, que lembrou do início do interesse por ônibus.
— Tudo começou mesmo quando eu tinha oito anos e meu pai me levava para a casa da minha avó, no Parque Cidade Luz, em Guarus. A gente sempre ia de ônibus, e eu ficava admirado com aquilo. Eu e meu pai íamos sempre aos domingos. Lembro de ficar esperando chegar os domingos para poder andar de ônibus mais uma vez. Até hoje curto andar de ônibus. Muitas vezes pego um ônibus só para dar uma volta — contou ele, que é morador da Pecuária.
Mas Erik não é o único campista apaixonado pelos ônibus.
— Achava que era até há pouco tempo. Com o crescimento da internet, soube, pelas redes sociais, que havia mais gente aqui na cidade que também curtia. Começamos a nos encontrar para falar do assunto e muitas vezes vamos à rodoviária para olhar os ônibus e tirar fotos deles. Hoje em dia tem um grupo de cinco pessoas que gostam.
Um dos busólogos que Erik conheceu foi o estudante Jonas Machado, 22 anos, que contou que o interesse dele por ônibus surgiu mais tarde.
— Não foi quando criança igual com o Erik. Tudo começou em 2010, quando aconteceu a Exposição dos Ônibus de Campos e cidades vizinhas. Por vontade de ajudar as pessoas, criei um blog com o objetivo de divulgar o evento e explicar sobre os ônibus — contou Jonas, lembrando que o blog acabou virando algo maior, contando, ainda, com participação de Erik.
Paixão de Erik começou aos 8 anos
Paixão de Erik começou aos 8 anos
Paixão de Erik começou aos 8 anos
— Após o evento, o blog foi renomeado para Campos Ônibus RJ, que virou um site em 2012 (http://www.camposonibusrj.com/). Temos, no site, fotos de ônibus da região, informações sobre esses veículos e itinerários, sendo que o site é sobre transportes. O objetivo também é contribuir para mudanças. O site encaminha reclamações de usuários de ônibus para empresas e busca melhorias. Tem esta função de servir às pessoas.
Erik tem uma coleção de miniaturas de ônibus com cerca de 50 peças. Também faz desenhos desse tipo de veículo. Em 2015, ganhou um concurso de pinturas no Rio de Janeiro pintando um ônibus. “Participaram mais de 300 pessoas e fui vencedor junto com outros cinco participantes. Um ano antes, fiquei entre os cinco primeiros em um concurso de uma empresa de transportes da região e ganhei miniaturas”.
Porém, o interesse pelos ônibus é visto com estranheza por muitas pessoas próximas. “Eu sei que é diferente, e é por isso que a maioria das pessoas estranha. Tem gente que acha que sou meio doido. Mas também tem algumas que gostam, falam que é legal e admiram também”.
Perguntado sobre a vontade de dirigir um ônibus, Erik disse: “Nunca dirigi, mas tenho vontade. Já tirei carteira para conduzir carro e pretendo tirar a D para dirigir ônibus também. Talvez faça isso no final deste ano ainda”.
No último sábado, Erik e Jonas fizeram uma visita à sede da empresa São João. “Foi legal conhecer como funciona lá”, contou Erik.
Paixão guia vida de Kaique
Quem também esteve na sede da São João para ver os ônibus mais de perto no último sábado foi o estudante Kaique Ferreira, de 15 anos, filho do jornalista Granger Ferreira. Os ônibus ajudam a guiar a vida de Kaique desde pequeno, conta Granger.
— Kaique é autista, e uma pessoa com autismo sempre tem uma ligação ou foco voltado a algo. Desde que meu filho era bebê, ainda antes dos três anos, a gente já percebia que ele tinha um sentimento diferente pelos ônibus. Ele olhava ou andava nesse tipo de veículo e achava maravilhoso. Sempre chamou a atenção dele.
O jornalista contou que o aprendizado de Kaique é trabalhado em cima de sua paixão.
— Como o autista tem dificuldades para alguns aprendizados, tudo é direcionado ao que ele gosta. Na escola, ele aprende as coisas com exercícios ligados aos ônibus. Isso sempre é trabalhado. Então, a gente ensina a ele coisas do mundo de uma forma que é legal para ele.
A paixão vai, ainda, de roupas com estampa de ônibus a coleção de miniaturas.
— Até a caneca dele é de ônibus. Tudo é voltado para isso. Sempre o levamos a eventos ligados a ônibus que acontecem na cidade, além de também o levar para conhecer as empresas. Ele gosta, ainda, de se vestir de motorista, que é o que diz querer ser quando crescer — contou Granger, que falou, ainda, sobre a importância de Kaique ter sua vida voltada para a sua paixão. “Inclusive, independente da área que for, os pais de crianças autistas devem observar o que ela gosta. Esta pode ser a porta de entrada para ajudar o filho a conhecer melhor o mundo”.