O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seja mantido preso em Curitiba. Janot disse que o ex-presidente da Câmara ainda tem influência sobre parlamentares, mesmo encarcerado.
— É certo que a condição de deputado federal por diversas legislaturas foi um dos principais elementos a sedimentar o poder político do recorrente. Todavia, seu potencial delitivo, hoje, está concentrado mais na capacidade de influenciar seus asseclas, ainda ocupantes de cadeiras no Congresso Nacional, do que propriamente no abuso das prerrogativas de parlamentar — declarou o procurador.
O procurador-geral da República destacou que Moro apresentou farta fundamentação para justificar a prisão preventiva, sobretudo após a primeira condenação de Cunha, em março deste ano. Entre os argumentos, está o de que o ex-deputado ainda possui recursos não identificados no exterior, que poderiam ser dissipados caso ele seja solto.
A defesa alega que a suposta existência de recursos ocultos no exterior é uma ilação, sendo, portanto, imprestável para justificar a prisão. No pedido de liberdade, os advogados de Cunha afirmam ainda que “não há qualquer elemento que aponte um suposto agir voltado a atos criminosos desde o seu afastamento” do cargo de deputado.
Respondendo a diversos processos na Operação Lava Jato, Cunha atualmente negocia com o Ministério Público um acordo de delação premiada, que poderia envolver diretamente o presidente Michel Temer (PMDB). (A.N.)