O juiz Sérgio Moro disse que os argumentos apresentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao negar ser o proprietário do tríplex no Guarujá são “omissos, contraditórios ou obscuros”. Moro também comparou Lula ao ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), que dizia não ser titular das contas no exterior que receberam dinheiro de propina, “mas somente usufrutuário em vida”.

O magistrado argumentou que a falta de transferência formal ou da posse do imóvel ao petista foi objeto de longa análise. Moro considerou que não poderia se prender apenas à titularidade formal na análise dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. “Assim não fosse, caberia, ilustrativamente, ter absolvido Eduardo Consentino da Cunha (...), pois ele também afirmava como álibi que não era o titular das contas no exterior que haviam recebido depósitos de vantagem indevida, mas somente ‘usufrutuário em vida’”, disse o juiz, completando: “Em casos de lavagem, o que importa é a realidade dos fatos segundo as provas e não a mera aparência”.

Moro ainda afirmou que a propina não tem como origem apenas a atribuição da propriedade do tríplex a Lula ou as reformas feitas pela construtora OAS, mas destes fatos terem sido acompanhados da falta de pagamento, com abatimento na conta geral de propinas mantidas entre PT e OAS.