Uma aluna de 13 anos foi vítima de estupro coletivo praticado dentro do Colégio Estadual Padre Melo, em Bom Jesus de Itabapoana. O caso começou a ser investigado segunda-feira (17) pela 144ª Delegacia de Polícia e, de acordo com o delegado Bruno Cleuder, o estupro da vulnerável vinha sendo praticado desde maio, por mais de dez adolescentes, colegas de escola da vítima.
De acordo com o delegado, a direção da escola teria ciência do fato, mas não fez a notificação compulsória à Polícia e ao Conselho Tutelar. Por essa razão, o diretor do colégio, que disse ter tentado “resolver administrativamente” a situação, responderá inicialmente por prevaricação, crime em que funcionário público se omite diante de uma situação em que teria a obrigação legal de agir, no caso, informar às autoridades. Os adolescentes que teriam praticado o abuso foram ouvidos e liberados. O caso foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude.
A estudante mora com uma avó, bem idosa, e o pai, que segundo a Polícia, teria problemas mentais. O estupro foi denunciado às autoridades pelo irmão da vítima, que reside em outro município. Antes, ele teria informado o caso à escola. O delegado contou porque a estudante não denunciou o abuso: “A vítima disse que estava praticando sexo com um dos rapazes, quando os outros descobriram e passaram a obrigá-la a praticar o ato também com eles, sob pena de delatá-la à direção do colégio”.
A vítima, que reclamou de dores na última semana, pode estar grávida e foi submetida a exame de gravidez. O resultado do exame deve sair ainda nesta sexta-feira (21). Nem todos os adolescentes citados assumiram ter obrigado a estudante a praticar sexo. O abuso era praticado em uma sala de aula e na quadra do colégio, que não contam com câmeras de monitoramento.
De acordo com o delegado da 144ª DP, se for comprovado que o diretor da escola, tendo conhecimento do estupro, não agiu para que o abuso parasse de ocorrer, além de prevaricação, ele também poderá responder por estupro de vulnerável.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que está acompanhando o caso junto ao Conselho Tutelar e à Polícia Civil. A reportagem da Folha tentou ouvir a direção do Colégio Estadual Padre Melo, que, até o momento, não quis se posicionar.