Projeto AMA ganha destaque
Matheus Berriel 15/07/2017 19:30 - Atualizado em 16/07/2017 13:53
Projeto Adra
Projeto Adra / Antônio Leudo
De acordo com especialistas, a gravidez na adolescência é considerada de risco, pois o corpo feminino ainda está em fase de amadurecimento e desenvolvimento, podendo causar consequências para a vida das adolescentes em questão. Mesmo assim, crescem cada vez mais os casos. Devido à pouca idade, não são raras as mães que têm dificuldades em cuidar do bebê, sem falar nos problemas financeiros. Por conta disso, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) realiza um projeto com o intuito de prevenir a gravidez na adolescência e acompanhar os primeiros anos da vida materna de meninas de 12 a 19 anos. Trata-se do projeto Apoio a Mães Adolescentes (AMA), que recentemente tem ganhado espaço e reconhecimento em Campos. O objetivo é permitir às adolescentes a chance de darem continuidade aos seus planos de vida, no que diz respeito aos estudos e futuras oportunidades profissionais.
— O projeto AMA já está em vários estados do Brasil. Hoje, atendemos uma média de 500 adolescentes. No estado do Rio, cerca de 250 adolescentes estão em nossos projetos. Em Campos, são 37 meninas atendidas — disse o diretor regional da Adra no Estado do Rio de Janeiro, Jones Ross. Segundo a coordenadora do Adra em Campos, Elisângela da Silva, são assistidas adolescentes de bairros e localidades como Vila Menezes, Penha, Tapera, Tapera II, Goitacazes, Bugalho, Santa Rosa e Eldorado. A grande maioria, porém, mora nas comunidades de Matadouro, no conjunto habitacional Portelinha, e Tira Gosto.
Até a última semana, as atividades do AMA, em Campos, aconteciam em um imóvel na Lapa. Contudo, na semana passada, o projeto passou a funcionar no Centro Comunitário do Matadouro, onde estão previstos para ocorrerem três encontros por semana, com palestras e oficinas de confecção de sandálias, bonecas de pano, sabonete líquido, entre outras.
Para Jones Ross, um dos principais focos do projeto é fazer com que as mães de 12 a 19 anos não abandonem a escola, o que, segundo ele, é comum em todos os estados onde o AMA é executado: “O projeto trabalha toda uma dinâmica com elas, juntamente com as famílias também, na questão da educação. Temos ainda as oficinas, que incentivam a criatividade com a prática do artesanato. E trabalhamos também com os pais, porque, muitas vezes, há algum problema no convívio dentro de casa”.
Uma das maiores dificuldades dos coordenadores do projeto é sua ampliação, para que mais adolescentes possam ser atendidas. Atualmente, há apenas um parceiro em Campos.
— Na realidade, 22% dos partos realizados em Campos são de meninas de 12 a 19 anos. Ou seja, a cada 100 crianças que nascem, 22 são de adolescentes. O que queremos é trabalhar esse assunto nas comunidades — concluiu Ross ao ressaltar que quase toda a equipe do AMA é voluntária.
Elevação de autoestima também é trabalhada
Outro ponto que recebe destaque é o da valorização e elevação da autoestima. Em palestra realizada no dia 29 de junho, Jones Ross exibiu fotos de algumas adolescentes, para mostrar a beleza de cada uma.
— Quando você fotografa uma menina dessa, vê como é bonita e como, às vezes, está sendo desvalorizada. Na palestra, estava falando sobre o estudo, e quase todas pararam de estudar depois da gravidez. Há todo um trabalho para reverter essa situação — destacou.
Mãe de um bebê de quatro meses, a adolescente Alcimara dos Santos, de 17 anos, falou sobre a importância que o projeto teve em sua vida durante a gravidez. “Me ajudou muito, principalmente quando eu estava grávida, me dando alimentos, roupinhas para o bebê. Minha família me apoiou, mas o apoio do projeto também foi muito importante. Até hoje recebo alimentos”, disse.
Outra adolescente, Ariana Oliveira, da mesma idade, que é assistida há pouco mais de dois anos, seguiu a mesma linha da amiga, mostrando ainda outros benefícios. “Recebemos orientação, um acompanhamento. Não trabalho, então o que faço aqui nas oficinas, como as sandálias, eu posso vender e ter uma renda. Também recebo sacolão (de alimentos), o que me ajuda muito”, afirmou.

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