Paulo Renato do Porto
29/07/2017 11:52 - Atualizado em 01/08/2017 14:15
O mar não está pra peixe. A velha frase é surrada, mas se aplica de forma adequada aos pescadores do litoral do Norte Fluminense que continuam a enfrentar velhos e novos problemas. Em Barra do Furado, os profissionais reclamam de antigas adversidades que persistem no Canal das Flechas que dificultam a entrada no mar.
O problema foi amenizado com a dragagem no canal através da cessão de uma máquina, fruto de uma parceria da Superintendência de Agricultura de Campos com o Inea. No entanto, uma recente intervenção da Superintendência de Pesca do município com a abertura das comportas do mesmo canal, tem dificultado o trabalho dos pescadores.
— Os pescadores têm enfrentado um risco enorme, entrando no mar pela madrugada, depois da abertura das comportas. A dragagem que foi feita minimizou um pouco o problema. Com essa última intervenção, a situação piorou — reclamou o presidente da Colônia de Pescadores Z19, Rodolfo Ribeiro.
Ele defende como solução definitiva uma dragagem de grande porte para sanar de vez o problema. Em Farol e Barra do Furado há 400 pescadores cadastrados, mas o quantitativo em Campos chega a 1.600 profissionais.
A Superintendência de Pesca de Campos informa que “o manejo das comportas e controle das cotas das lagoas são de responsabilidade do Comitê de Bacias Hidrográficas do Baixo Paraíba, baseado em estudos técnicos (... ) e as comportas ficaram abertas por três dias, com monitoramento da vazão para não prejudicar a agricultura e pecuária no entorno”.
Mas não é apenas em Barra do Furado que os pescadores encaram dificuldades para tirar seu sustento. Em São João da Barra, eles ainda se deparam com o mar revolto que avança sobre Atafona.
— O avanço da maré impede a entrada das embarcações no mar, com o assoreamento da barra. E os barcos que voltam não conseguem chegar ao cais —, disse o presidente da Colônia de Pescadores Z-2, Elialdo Barros Meireles.
Elialdo frisa ainda que os pescadores encaminharam documento solicitando obras de dragagem na foz do rio e a construção de um quebra-mar, com nove espigões ao longo da praia, obra estima da em R$ 180 milhões. “Disseram que é muito caro, que não pode ser bancado apenas pelo município”.
Dragagem e quebra-mar, apenas no sonho
— Vamos aguardar as autoridades estaduais ou federais para que também nos ajudem porque a situação só tem piorado para os pescadores —, afirmou.
Elialdo contou também que em razão do avanço do mar tem afetado outros setores da cadeia produtiva do pescado no município.
— Temos seis frigoríficos que estão sendo impedidos de funcionar porque os barcos não têm conseguido chegar onde eles ficam em Atafona — pontuou.
Elialdo informou também que só na colônia que preside há 758 pescadores cadastrados, que inclui também profissionais do Açu.
No 5º distrito, Elialdo considera que a atividade das pesca se perdeu, em razão do Porto do Açu.
— Era ali onde tirávamos o camarão, um local muito produtivo, mas que perdemos — resignou-se Elialdo Meireles.