Em Campos, os caminhos para sair da crise estão nas estradas vicinais do interior. Um dos dez maiores do Sudeste brasileiro em extensão territorial, o município ambiciona se tornar um novo eldorado da produção de alimentos. Os grãos de sonhos a serem plantados passam pela reativação da unidade local da Ceasa, em Guarus, com recursos do Banco Mundial, com base em estudos de professores da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense).
Nesta sexta-feira, mais um passo foi dado nesta direção, durante reunião do Conselho Regional de Agricultura e Pesca da Região Norte Fluminense, na sede do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Campos, entre os secretários de Agricultura dos municípios da Região Norte Fluminense, com o superintendente Regional do Ministério de Agricultura, José Essiomar Gomes, e a gerência do Banco do Brasil.
O projeto, entretanto, tem abrangência macroregional e envolve municípios da região, parte de Minas e Espírito Santo.
— O projeto passa por uma párea de 2 milhões de habitantes, num raio de 200 km, envolvendo o Norte/Noroteste, Região dos Lagos, parte de Minas e Espírito Santos. Campos é um município enorme. É muita terra e qualidade do solo é boa. Temos condições de produzir e abastecer o nosso e outros mercados — afirmou Nildo Cardoso, superintendente de Agricultura e Pecuária de Campos e presidente do Conselho.
— A Ceasa conta com 74 boxes. Em nosso projeto consta a reforma dos banheiros, a instalação de um DPO, bares e restaurantes Nosso objetivo é reabrir a unidade e disponibilizar gratuitamente um box a outros municípios dentro do espaço para que possam comercializar seus produtos. O projeto para a reforma está sendo feito por três professores da Uenf e se será apresentado ao prefeito Rafael Diniz até o final do mês. Não vejo outro caminho para sairmos dessa estagnação, a não ser pela agricultura — disse Nildo.
Num momento de crise aguda, o superintendente trabalha também com a criação do Fundo Municipal de Agricultura como fonte para tocar os projetos que passa pelo incentivo ao produtor com a cessão de máquinas, sementes e outros benefícios.
Também está sendo elaborado um programa para fornecimento e aquisição de produtos para a merenda escolar dos municípios envolvidos.
Diversificação agrícola é ponto consensual
Pelo projeto idealizado, a Ceasa será um ponto de encontro para o feirante ou aquele que tem um pequeno comércio no interior ou nos bairros da periferia.
— Ali ele irá encontrar preço e concorrência na oferta dos produtos. Vai funcionar como uma espécie de pregão. Num município grande como Campos, a Ceasa não pode ser uma fantasia, mas uma realidade, um entreposto que irá funcionar 24 horas e empregar de 1.500 a 2.000 pessoas — projeta Nildo.
Ele considera que a diversificação agrícola é inevitável e ignora a crise.
— Há espaço para a cana, mas também para outros ramos de produção. Somos um município que se acostumou a plantar cana, mas precisamos também aprender a trabalhar com outras culturas. A crise nos traz lições, como a de que é preciso nos unir e usar de mais criatividade — conclui.