Jhonattan Reis
25/07/2017 18:03 - Atualizado em 26/07/2017 19:52
O Cineclube Goitacá exibe, na noite de desta quarta-feira (26), o documentário brasileiro “Coração do Samba” (2012), da diretora Theresa Jessouroun. O apresentador da obra será o pesquisador e professor Marcelo Sampaio. A sessão começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
O longa-metragem revela, pela primeira vez num filme, as entranhas da orquestra que rege um dos maiores espetáculos do mundo, uma bateria de escola de samba. A obra de Jessouroun centra suas lentes na bateria do Grêmio Recreativo Estação Primeira de Mangueira, aproveitando os depoimentos do filho do fundador da bateria da escola, Elmo dos Santos.
“Coração do Samba” mostra o universo de musicalidade e de paixão da escola de samba e da percussão. Mostrando toda a exuberância da musicalidade e da paixão da escola de samba e sua percussão, a obra explora o passado e o presente dessa tradição que passa de pai para filho, mostrando os ensaios nas ruas, na quadra da escola e no Sambódromo, desde a afinação dos naipes até a manutenção dos instrumentos, responsáveis por um ritmo arrebatador.
Marcelo Sampaio usou uma palavra para definir o documentário:
— Paixão. Se eu precisasse definir esse filme com uma palavra, seria essa. É uma obra que foi feita com paixão e que, inclusive, me causa paixão ao assistir. É bem intensa a maneira como as pessoas se envolvem com esse elemento conhecido como um dos mais importantes de uma agremiação carnavalesca, que é a bateria.
O apresentador da noite ressaltou a eficiência da direção de Theresa Jessouroun.
— Ela foi muito feliz com este documentário. Por mais que a Theresa tenha feito um filme que tinha muita chance de dar errado, pois ele foi feito entre 2004 e 2011, um longo espaço de tempo, ela conseguiu enfrentar o período e resolver todos os problemas que aconteceram neste tempo, como o assassinato de um diretor de bateria da Mangueira, que envolveu várias polêmicas.
Sampaio comentou, ainda, em relação às entrevistas com Elmo dos Santos, que, além de ser filho do fundador da bateria da Mangueira, foi presidente da mesma escola de samba e atualmente é diretor de Carnaval da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa).
— São entrevistas ótimas. Há, no filme, imagens recuperadas da época em que ele era presidente da Mangueira, sendo que, inclusive, Elmo era o presidente na época do desfile antológico de 1998, quando a escola foi campeã junto com a Beija-Flor de Nilópolis. Dá para sentir paixão nas entrevistas dadas pelo Elmo. No espaço de tempo em que foi gravado o filme, ele já era diretor de Carnaval da Liesa, o que é até hoje.
Marcelo Sampaio destacou, ainda, que “Coração do Samba” participou de diversos festivais e ganhou o prêmio de melhor documentário no Los Angeles Brazilian Film Festival 2012.
— É um filme muito bem feito. Interessante é que ele passa a importância sócio-cultural que tem a bateria de uma escola de samba. E o documentário não fala só da bateria na avenida, mas também dos ensaios nas ruas, da afinação dos instrumentos, da comunicação entre os mestres e diretores de baterista com dos ritmistas. Trabalha, ainda, com o som direto, que é o som não tratado em estúdio. Isso é uma característica peculiar do filme — disse ele, lembrando que uma pessoa participará por telefone do debate pós-filme. “Será a surpresa da exibição”, disse.