Jane Ribeiro
10/06/2017 13:56 - Atualizado em 12/06/2017 15:10
O Hospital Ferreira Machado é responsável pelo atendimento de traumas de Campos, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e São Fidélis, além das demandas de acidentes que acontecem na BR 101 em trechos próximo ao município. O município de São João da Barra e São Fidélis ativaram as cirurgias recentemente, o que pode diminuir a demanda em Campos. A procura pelo atendimento no município, ainda é considerada grande, devido ao grande número de acidentes automobilísticos e de motocicletas registrados na região. O Hospital da Beneficência Portuguesa é também referência no atendimento. A reportagem da Folha da Manhã entrou em contato com a direção da unidade, mas não obteve retorno.
Reclamações é o que não faltam dos parentes de pacientes que aguardam ou que tiveram que esperar dias para fazer uma cirurgia. Esse é o caso da dona de casa Rosileia Fully. “Meu marido ficou mais de 30 dias aguardando a cirurgia de fêmur no HFM, cada dia era uma desculpa e olha que ele é idoso, com 88 anos. Depois que meus filhos reclamaram muito foi feita e hoje ele está se recuperando, apesar de ainda estar muito debilitado por vários problemas contraídos dentro do hospital”, informou a esposa.
O mesmo aconteceu com o músico Márcio Lopez, de 37 anos, que sofreu um grave acidente do dia 24 de maio, na avenida Arthur Bernardes, em Campos. O vocalista da banda de pagode campista “Os Mulekes” teve fratura no fêmur, na bacia e no braço esquerdo. Segundo o empresário do vocalista, Rodrigo Pereira, a cirurgia do fêmur foi realizada na última quarta-feira no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro. Ele agora aguarda para fazer a da bacia no mesmo hospital.
— Márcio ficou internado no HFM durante 15 dias a espera de uma resolução. Depois desse tempo a junta médica resolveu transferir ele para que as duas cirurgias fossem feitas no Rio, a do fêmur foi feita e agora estamos aguardando autorização para que ele possa fazer a da bacia. Eu não sei explicar porque ele não fez no Ferreira, já que a dele era de emergência — informou o empresário.
A assessoria do Hospital Ferreira Machado informou que em 2017, no período de 24 de março a 15 de maio, o HFM realizou 132 cirurgias ortopédicas eletivas e 65 cirurgias de emergência. Diariamente são realizadas cerca de seis cirurgias eletivas, fora as de emergência (cujos pacientes dão entrada no pronto-socorro, vítimas de acidentes diversos). Algumas são encaminhadas para o Into, devido à gravidade, conforme foi o caso do músico Márcio Lopes.
Ainda segundo a nota, as cirurgias de emergência são prioritárias, uma vez que o HFM se trata de um hospital de atendimento de emergência. Nos casos de cirurgias eletivas, são priorizados idosos e crianças, cujos quadros clínicos (exames de avaliação do risco cirúrgico) apontem que estão aptos para se submeterem a elas. A realização de cirurgias ortopédicas obedece aos princípios da Universalidade, Equidade e Integralidade, estabelecidos pelo SUS, onde a prioridade no atendimento é definida por critérios combinados de ordem de chegada, urgência e gravidade.
Serviço retomado em hospitais de SJB e SF
Implantado na segunda gestão da prefeita Carla Machado e extinto no primeiro ano da gestão anterior, o serviço de cirurgia ortopédica da Santa Casa de Misericórdia de São João da Barra foi reativado no início do mês. Já foram realizadas sete cirurgias, de colo de fêmur, ossos da perna, tornozelo e punho.
O secretário de Saúde, Godofredo Neto, informou que, a princípio, serão realizadas cirurgias de traumas referenciados. “As demandas de emergências relacionadas a fratura exposta serão encaminhadas para o Hospital Ferreira Machado para o primeiro atendimento, retornando para o município para serem feitas cirurgias definitivas”, disse o secretário.
Em São Fidélis, o serviço foi reativado na última sexta-feira no Hospital Armando Vidal que voltou a receber cirurgias ortopédicas, com a instalação de um centro específico. Duas cirurgias, uma eletiva e outra de urgência, marcaram o início da nova fase.
De acordo com a secretária de Saúde fidelense, Bruna Araújo Siqueira, a implantação do Centro Cirúrgico Ortopédico é fruto de uma parceria entre a Prefeitura e o Hospital Armando Vidal. As primeiras cirurgias realizadas no novo centro foram em um paciente que estava internado há vários dias, com fratura na tíbia. Segundo a Prefeitura, o novo diretor do Hospital Armando Vidal, Filipe Mocaiber, adequou o espaço para o início do serviço, com a contratação de um cirurgião ortopedista e compra do material necessário.
Dificuldade na imobilização de fraturas
Outro problema encontrado no atendimento à problemas ortopédicos em Campos é quanto ao atendimento de urgência em traumatologia. Muitas pessoas reclamam que ao fraturar um osso o engessamento não é feito na consulta de emergência e ainda há dificuldades para conseguir na rede contratualizada.
— Meu filho fraturou o pé e foi atendido na emergência do Ferreira. Na hora de engessar o atendente disse que o caso dele não tinha gravidade e que seria colocada apenas atadura, encaminhando ele para outro hospital. A emergência é para dar atendimento e resolver o problema e não para camuflar. Não achei isso certo — disse Patrícia Alves.
O mesmo caso de Patrícia aconteceu com Felipe Antônio de 30 anos. Ele quebrou os dedos do pé, enfaixou no HFM e somente um mês depois conseguiu a imobilização na Santa Casa. O motivo foi a fila de espera.
Em nota a assessoria do HFM informou que em casos de fraturas sem gravidade, o hospital estabiliza com ataduras gessadas, e encaminha o paciente para continuidade no tratamento na Santa Casa de Misericórdia de Campos ou Beneficência Portuguesa, credenciados pelo SUS para serviços de ortopedia.
Já a secretaria de Saúde disse que “esses tipos de procedimentos, são ofertas livres e diretas de cada unidade, isto é, o município não tem participação na regulação desses serviços. No entanto, o Núcleo de Controle e Avaliação irá apurar a situação junto às unidades contratualizadas”.