Preso em julho do ano passado, após ter assaltado uma agência do banco Itaú localizada no Boulevard Shopping, em Campos, Havinner Correa Ferreira, 27 anos, morreu depois de ter passado mal no presídio Carlos Tinoco da Fonseca. A data, o local e a causa da morte fazem parte de um impasse com versões diferentes da secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e de familiares de Havinner. Estes acreditam que tenha ocorrido negligência. O velório aconteceu na tarde desta terça-feira, na Primeira Igreja Batista do Parque Julião Nogueira, e o sepultamento no cemitério Campo da Paz, ambos em Campos.
De acordo com a Seap, Havinner passou mal na madrugada dessa segunda-feira, no interior do presídio campista, e foi prontamente levado à emergência médica, onde teria ido a óbito. “Cabe ressaltar que corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). A Seap aguarda laudo cadavérico com a causa mortis oficial do referido. Uma sindicância interna foi aberta para apurar os fatos”, diz a nota. A reportagem esteve no IML de Campos, onde não foi registrado o recebimento do corpo de Havinner.
Na versão contada por familiares, a morte teria acontecido nesse domingo, e não na segunda. O atestado de óbito apresentado pela família está com a data do dia 4 de junho. De acordo com Vinicius Ferreira, primo do Havinner, o pai do detento foi até o presídio Carlos Tinoco da Fonseca no dia 2 de junho para uma visita e levou medicamentos, pois o filho estava bastante debilitado, supostamente com pneumonia. Ao retornar ao presídio no último domingo, junto com a esposa, teria sido informado de uma transferência de Havinner para o Hospital Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro.
— Se ele estava tão debilitado, por que não levaram para um hospital de Campos? Ele não podia ter sido transferido para longe. Houve negligência — afirmou o primo de Havinner, Vinícius Ferreira, em entrevista após o sepultamento.
Na conversa com a reportagem, ele disse que os pais de Havinner viajaram para o Rio na madrugada de segunda, mas não tiveram novas informações sobre o filho. Só depois ficaram sabendo da morte, por uma informação obtida pelo advogado de Havinner, que também não teria sido notificado sobre a transferência.
O óbito de Havinner foi confirmado pelos pais no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, para onde ele teria sido levado após passar mal durante a transferência para a unidade hospitalar de Bangu. “Se eu não tivesse corrido atrás de procurar, meu filho ia ficar morto sem eu saber onde estava”, disse a mãe de Havinner, Claudinete Ferreira. Da unidade de saúde de Niterói, o corpo foi levado para o IML daquele município, onde passou por exames laboratoriais. A causa oficial da morte só deverá ser divulgada num prazo de oito meses.
Em nota, a direção do Hospital Estadual Azevedo Lima informou que o paciente Havinner deu entrada na unidade na tarde do último domingo já em óbito. E que o corpo foi transferido para o IML de Niterói.