“É importante pensarmos em como a gente lida com imigrantes, com pessoas que chegam de outros lugares ao nosso espaço. Como as integramos? Neste filme, é interessante notar a relação do nordestino com as pessoas de São Paulo, levando em consideração a forma como esse homem é integrado”, disse a professora universitária Luciane Silva. O comentário diz respeito ao longa-metragem brasileiro “Estômago” (2008), dirigido por Marcos Jorge, exibido nessa quarta-feira (7), no Cineclube Goitacá. A sessão aconteceu na sala 507 do edifício Medical Center.
— Eu mesma posso dizer sobre a questão da imigração, porque sou de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e vim para o Rio de Janeiro. Há um choque de culturas quando isso acontece. No Rio Grande do Sul, por exemplo, as pessoas têm uma “mania” de achar que a culinária “deles” é superior à de outros lugares. No filme, a gente pode notar a forma como as pessoas de São Paulo se achavam superior ao nordestino.
Na trama, Raimundo Nonato (João Miguel) foi para a cidade grande na esperança de uma vida melhor. Contratado para trabalhar como faxineiro em um bar, ele logo descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas, Raimundo transforma o bar num sucesso.
Giovanni (Carlo Briani), dono de um conhecido restaurante italiano da região, contrata Raimundo como assistente de cozinheiro. E a cozinha italiana é uma grande descoberta para o ex-faxineiro, que passa, também, a ter casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria (Fabiula Nascimento).
A apresentadora da noite ainda comentou: “Este filme é excelente e de uma novíssima leva de filmes brasileiros. Até a década de 90, havia uma espécie de preconceito com o cinema brasileiro. ‘Estômago’ faz parte dessa nova leva e ainda traz uma temática diferente, que é a cozinha, para contar a história desse nordestino, abordando a questão clássica da imigração”, falou.