A Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (Cepal), divulgou um relatório informando que os "níveis de desigualdade na região são muito altos". Isso pode dificultar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU previstos para serem alcançados até 2030. A informação é da ONU News.
No ano passado, o Coeficiente de Gini [índice internacional que mede as desigualdades sociais e o nível de concentração de renda] para rendimentos pessoais teve valor médio de 0,469 para 17 países da América Latina, valor considerado alto pela Cepal. Zero representa nenhuma desigualdade e 1 significa desigualdade máxima.
Intitulado Panorama Social, o relatório da Cepal menciona a distribuição de renda como sendo apenas uma das desigualdades da região. Outro problema é a estrutura da propriedade de ativos físicos e financeiros, considerado "fator fundamental para a reprodução da desigualdade".
A condição étnico-racial é outro fator. Cerca de 130 milhões de afrodescendentes vivem na América Latina, ou 21% da população, sendo que Brasil e Cuba concentram 91% do total regional.
Apesar de 14 países terem mecanismos oficiais de combate ao racismo, a Cepal destaca que esse grupo enfrenta desigualdades em todas as áreas de desenvolvimento. Com isso, os afrodescendentes sofrem as maiores taxas de mortalidade infantil e materna, de desemprego e recebem as menores rendas no trabalho.
Sobre as mulheres latino-americanas, o relatório adverte que seu tempo total de trabalho é superior ao dos homens, além de dedicar um terço de seu tempo ao trabalho doméstico e outros cuidados não remunerados.
Por tudo isto, a Cepal defende uma mudança estrutural progressiva na América Latina e no Caribe de modo a gerar empregos de qualidade, com direitos e proteção social, e que resulte no aumento da produtividade.