Paula Vigneron e Matheus Berriel
23/05/2017 11:21 - Atualizado em 24/05/2017 10:55
Sepultamento aconteceu no cemitério do Caju
Sepultamento aconteceu no cemitério do Caju
Sepultamento aconteceu no cemitério do Caju
Sepultamento aconteceu no cemitério do Caju
Sepultamento aconteceu no cemitério do Caju
Centenas de pessoas, entre elas familiares, amigos, colegas de profissão e alunos, se despediram, nesta terça-feira (23), do músico, advogado e professor Rodrigo Magalhães, de 48 anos. Magalha, como era conhecido, passou por uma cirurgia de emergência na noite dessa segunda (22), no hospital Prontocardio, onde morreu nesta madrugada, já na fase de conclusão do procedimento. A causa da morte foi uma hemorragia no momento de sutura da prótese instalada na artéria aorta. Na segunda, Rodrigo havia passado mal na sala dos professores da Universidade Cândido Mendes (Ucam). O sepultamento aconteceu às 16h, no cemitério do Caju. O prefeito Rafael Diniz esteve presente na cerimônia.
Amigos há aproximadamente 40 anos, o músico e oficial de Justiça Léo Navarro destacou a participação de Rodrigo no início de sua carreira artística. Magalha e Léo se conheceram na escola, onde este aprendeu, com o amigo, os primeiros acordes de rock and roll. “As bandas da década de 80, nós vivenciamos. Tocávamos juntos. Músicas do Iron Maiden, AC/DC, Black Sabbath. Muito da cultura do rock britânico, aprendi com ele. Não só eu, mas como muitas pessoas da nossa geração. Tínhamos uma convivência muito grande. Temos que pensar espiritualmente porque, na Terra, não dá para entender uma perda dessas”, lamentou.
Vocalista da banda Cross Time, da qual Rodrigo era guitarrista, Bruno Andrade contou que os músicos começaram a se reunir há aproximadamente cinco anos. Depois de dois anos de ensaios e a consolidação de uma formação ideal, subiram aos palcos para apresentações. “Fizemos o show de abertura do Biquíni Cavadão, que foi um grande show e uma grande despedida para nosso amigo e eterno guitarrista Magalha. O legado dele vai ser para sempre”, afirmou Bruno, ressaltando que o futuro do grupo ainda será decidido.
Parceiro de palco de Magalha nos anos 80, com a banda Safira, o músico Reubes Pess se recordou da música “Éden”, composta pela dupla, que resultou em um dos primeiros videoclipes produzidos por um grupo campista. “A letra é lindíssima. Fez grande sucesso na época. Filmamos no Pontal, em Atafona. Rodrigo sempre foi um cara que inspirou muitos músicos. Tocávamos música autoral e de outros artistas. Fomos, também, a primeira banda a tocar “Stairway to heaven”, do Led Zeppelin, que foi um marco da gente. Tive uma honra muito grande de conhecê-lo e dividir os palcos com uma pessoa tão generosa, humana e talentosa. A gente nunca perdeu o vínculo”, declarou.
Articulista da Folha da Manhã, o advogado Geraldo Machado conheceu Rodrigo durante a infância, por ser amigo de seus pais, Moema e Carlos Magalhães. Anos depois, ele soube que o então menino havia se transformado em um colega de profissão:
—Tive referência dele na carreira jurídica e já detentor das mais expressivas referências como advogado competente. Não tive a oportunidade de me defrontar com o trabalho dele, mas convivo com vários colegas que dão testemunho sobre o respeito de que ele se fez merecedor, apesar da pouca idade. Mais um valor da advocacia de Campos se vai tão precocemente. Cada baixa é sentida muito profundamente. Estou profundamente consternado. Quando morre um advogado, quem é advogado sente o baque. Mas quando morre um advogado jovem, competente, brilhante, sensível e artista, aí é uma frustração só.
Contemporâneo de Rodrigo Magalhães na época da faculdade, na Ucam, o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Campos (OAB/Campos), Dr. Humberto Nobre, se emocionou ao falar do amigo: "O Rodrigo tinha 48 anos, eu tenho 46. Ele sempre foi uma pessoa muito agradável, afável, sempre muito feliz. Na parte artística, não só cantava, como encantava. Para quem o conheceu, é referência de uma pessoa pura, alegre, sempre feliz. É até complicado falar, estou um pouco aéreo hoje. Era um excelente profissional, professor dedicado ao estudo, dedicado ao aprimoramento da matéria, e um advogado respeitado", disse. Na faculdade, Rodrigo Magalhães foi aluno do promotor de Justiça Marcelo Lessa Bastos.
Da mesma forma, o advogado e professor Andral Nunes Tavares Filho, que conhecia Rodrigo há mais de duas décadas, mostrou admiração pelo amigo, com quem passou a ter maior proximidade há cerca de 17 anos. "É uma perda enorme. O Rodrigo era um talento na advocacia, uma pessoa ética e, sem dúvida alguma, um excelente professor, o que a gente pode medir também pelo enorme carinho que seus alunos tinham por ele. Como amigo, é uma perda ainda maior, porque o Rodrigo tinha o dom de se fazer irmão de seus amigos. Uma pessoa carinhosa, preocupada com os amigos, sempre feliz. Vai deixar um carinho muito grande, principalmente para mim. Sinto que perdi um irmão", destacou Andral, que guarda na memória a boa relação com o então conselheiro Rodrigo na época em que foi presidente da OAB.
— Ele me ajudou muito. Apesar de mais novo que eu, foi um grande conselheiro, esteve sempre junto comigo nos momentos difíceis e nos de glória, me ponderando, me aconselhando. Era uma pessoa muito ponderada, muito centrada. Por conta disso, ele tem muita gente que o admira — completou.
Outro amigo das antigas de Rodrigo Magalhães, o advogado Filipe Estefan, também foi dar seu adeus. "Eu conhecia o Rodrigo há mais de 30 anos. Ultimamente estávamos um pouco afastados, porque estávamos vivendo momentos diferentes. Mas ficou aquela consideração de jovem, vivemos muitos momentos juntos. Tínhamos uma galera, inclusive encontrei todo mundo nesse momento triste. Fica todo o carinho. A perda do Rodrigo é lamentável, ele era um cara carinhoso, que cativou todo mundo com sua simplicidade", falou.
A Procuradoria do Município de Campos emitiu uma nota de pesar pela morte de Rodrigo. "Deixamos aqui as nossas condolências à família e amigos por esta lastimável perda". A 12ª Subseção da OAB/Campos também se pronunciou em uma rede social. “Expressamos, neste momento de profunda dor, solidariedade à família”, dizia a nota. A bandeira da OAB, aliás, esteve sobre o caixão até o último instante antes do sepultamento. No adeus a Rodrigo, artistas próximos a ele tocaram músicas internacionais, seguidas por uma longa salva de palmas Em função do ocorrido, a Ucam suspendeu as aulas desta terça.
Alunos também prestaram homenagens
Nas redes sociais, várias manifestações de pesar foram publicadas, principalmente por parte dos alunos de Rodrigo Magalhães.
— A vida prega peças! Um dos melhores professores de Empresarial que tive a honra de conhecer... nunca o vi sem o sorriso no rosto, gentil, generoso e solicito a todos os alunos! Que Deus conforte a cada um dos familiares e amigos! Descanse em paz Mestre Rodrigo Magalhaes! — declarou a aluna Walkiria Guimarães.
Outro aluno, Tadeu Elias Castro Velasco também prestou homenagens. “Acordar e descobrir que um dos seus mais queridos professores da faculdade faleceu é muito triste. Rodrigo Magalhaes, vai fazer falta a todos não só do meio jurídico de Campos como no acadêmico. Descanse em paz amigo. Ótimo professor, ótimo advogado, muito inteligente e, acima de tudo, uma pessoa maravilhosa. Complacente, amigo e de sorriso fácil. Vai fazer falta”, registrou no Facebook.
— Eu ainda não consigo acreditar. Professor, advogado, astro do rock, querido por todos! Ainda na quarta-feira passada estava na sala de aula e brinquei: “não esqueceu de me dar presença não, né professor?” Ele risonho disse: “Claro que não, ainda mais que você está com essa blusa” (eu com uma do Led Zeppelin). Como a vida é passageira! Semana passada estava cheio de saúde e disposição pra dar aula e hoje (ontem) recebo essa notícia!! Estou muito triste, de verdade. Que Deus conforte o coração de todos nós!!! Fica em paz, Rodrigo!!! — também declarou a aluna Vanessa Stellet.