Crise financeira vai além da Uenf
Jane Ribeiro 20/05/2017 15:08 - Atualizado em 22/05/2017 15:11
Uenf
Uenf / Rodrigo Silveira
Com dificuldades financeiras, as universidades públicas do Rio de Janeiro, tanto estadual quanto federal, passam por uma crise que já interrompeu as atividades acadêmicas por diversas vezes ao longo dos últimos anos. A verba orçamentária reduzida é uma das causas dos problemas enfrentados pelas instituições de ensino superior. Algumas das mais importantes unidades de ensino do país, como a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), atravessam a maior crise de sua história. A situação da Uenf tem uma esperança caso a promessa do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seja cumprida. Já a crise da UFF não tem perspectiva de se normalizar. A Uenf contabiliza uma dívida que se arrasta desde outubro de 2015 e, atualmente, gira em torno de R$ 16 milhões. A UFF sofre com os cortes nas verbas que comprometem setores como gestão, investimentos e expansão. As obras da nova sede da UFF foram paralisadas novamente. Os alunos reclamam da redução de bolsas de assistência estudantil à demissão de funcionários terceirizados.
Iniciadas em setembro de 2012 e com previsão inicial de entrega para fevereiro de 2015, as obras ficaram paralisadas por cerca de um ano e meio devido à cortes de verbas do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e dívidas com a empresa responsável pelo projeto. Em fevereiro deste ano, elas foram retomadas, mas agora voltaram a parar. O novo polo fica no antigo pátio de manobras da ferrovia, próximo à ponte de ferro, na avenida XV de Novembro. No local serão construídos dois blocos: A e B, cada um com sete andares, num total de 15 mil metros quadrados. A assessoria da UFF não se posicionou sobre o andamento das obras da nova sede, até o fechamento da matéria.
Quem sofre com os problemas são os universitários que continuam estudando em container e estão sem o sonhado bandejão, além de terem perdido as bolsas de assistência estudantil. O Programa Auxílio Moradia e alimentação consistem em um apoio financeiro mensal para atender estudantes matriculados nos cursos de graduação presencial que residem em cidades do interior do estado do Rio de Janeiro ou de outros Estados, no auxílio das despesas com república, vaga, pensionato, dentre outros. Esse auxílio foi reduzido e muitos alunos estão hoje com o destino incerto.
Uenf
Uenf / Rodrigo Silveira
— Estamos nos sentindo excluídos, já que a reitoria não toma nenhuma providência. Parece que somos colônia de Niterói e sem nenhuma expectativa de melhora. Pedimos uma reunião com a Assistência Estudantil, mas nada foi resolvido. Mas não vamos desistir — declarou o estudante Rafael Saraiva.
O diretor da UFF de Campos, Hernán Armando Mamani, declarou que as obras vão seguir em ritmo lento, mas não haverá paralisação total. Quanto à crise nas instituições ele acredita que o ideal seria liberar recursos e não contê-los.
— Estamos vivendo um período complicado e dependemos de decisões macroeconômicas, muito distantes das cogitadas atualmente e não vejo muita saída na conjuntura atual. As universidades estão abandonadas a própria sorte — declarou.
Promessa de Pezão ainda é esperança
Não são apenas as instituições federais de ensino que sofrem com problemas de investimento e cortes nos orçamentos. A Uenf vive uma situação dramática. O corte no orçamento da instituição pelo governo estadual afetou diretamente os pagamentos de contas de energia, água, telefone, e do serviço terceirizado, além do repasse dos recursos para o restaurante universitário e a contratação de professores auxiliares. As bolsas estudantis de todas as modalidades também estão em atraso há meses.
Com verbas atrasadas desde outubro de 2015 e com dívidas atuais em torno de R$ 16 milhões, a Uenf espera respirar mais aliviada e aguarda o cumprimento da “boa notícia” dada pelo governador Luiz Fernando Pezão, com a promessa de regularizar os pagamentos após a aprovação, no Congresso, da ajuda da união aos Estados. O Plano de Recuperação Fiscal foi aprovado na última quarta-feira, no Senado. Agora, Pezão já iniciou uma série de reuniões com deputados estaduais para garantir, na Alerj, a votação das medidas de contrapartida ao Plano. O governador aguarda a sanção do Plano para viabilizar o empréstimo de R$ 3,5 bilhões para quitar as pendências com o funcionalismo público. O crédito será obtido tendo como garantia as ações da Cedae. A previsão é de que o valor esteja disponível entre 60 a 90 dias.
Construção de nova sede ainda longe do fim
A obra milionária da UFF, orçada em aproximadamente R$ 36 milhões para a sua primeira fase, já consumiu mais de R$ 6 milhões. De acordo com a unidade, a construção gerou uma dívida inicial de R$ 4 milhões que corrigida chegou à quantia R$ 7 milhões. Desta forma, nesta fase inicial, que prevê somente a edificação de dois prédios urbanização mínima para o seu uso, falta ainda a aplicação de R$ 25 milhões.
O projeto completo envolve ainda paisagismo, construção de um restaurante universitário e o muro no entorno do campus. No entanto, estes itens estão programados para a segunda fase da expansão em uma obra avaliada em R$ 15 milhões.
Há também a previsão de uma obra de restauração do prédio histórico que futuramente abrigará o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) e a restauração do galpão ferroviário, que abrigará o Centro Cultural da UFF, que já conta com uma emenda parlamentar no valor de R$ 200 mil.
Essas outras fases ainda não possuem orçamento e estão fora do cronograma de obras da universidade.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS