O Brasil tem nove estados produtores de cachaça. Mas Rio de Janeiro e Minas Gerais são responsáveis por 50% da produção de alambique do país, os outros 50% ficam por conta de São Paulo, Goiás, Paraná, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Bahia. Onde tem cana de açúcar tem a “caninha destilada”. No Norte e Noroeste Fluminense não é diferente: daria para traçar o mapa da cachaça. Seguir esse mapa provando uma por uma seria para os “fortes”. A bebida caiu no gosto. O aperitivo, apreciado desde os egípcios antigos, atualmente vem ganhando selos de qualidade. Recentemente, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou projeto que obrigada bares, restaurantes e hotéis a oferecerem pelo menos quatro opções fluminenses. Em Campos, a maior indústria chega a produzir 840 mil litros por ano de destilada de primeira qualidade, com garrafas ultrapassam R$ 60,00. Mas, o mercado em ascensão pode ser para todos. Os pequenos alambiques, como em Farol de São Thomé, também tem fiéis provadores nos estabelecimentos cachaceiros. No mais, vale lembrar “beba com moderação”.
A cachaça é uma bebida de grande importância cultural, social e econômica para o Brasil, relacionada diretamente ao início da colonização portuguesa e à atividade açucareira. Pensando nesse potencial e no surgimento crescente de alambiques e indústria de porte como em Campos, Quissamã, entre outros municípios, os deputados resolveram dar essa forcinha para o setor que fabrica o principal destilado brasileiro. No início do mês, ao comentar a aprovação, o deputado Paulo Ramos (PSOL), um dos autores do projeto, lembrou que, apesar de premiadas, as marcas fluminenses ainda são menos conhecidas do que as mineiras. Logo depois, a deputada Cidinha Campos (PDT) arrancou aplausos do plenário ao cantar a marchinha “História do Brasil”, de Lamartine Babo, que homenageia a tradicional cachaça de Paraty. Eles bem sabem que cachaça não é água, mas muita gente gosta e pode ganhar.
Mercado está aberto e indústria investe
Preparar uma boa cachaça não é do dia para a noite. Segundo Guilherme Mariz, diretor de relações públicas da Tellura, a espera por um barril é de dois a quatro anos. “O mercado cresceu. É difícil produzir uma cachaça de qualidade, mas promissor. A concorrência também é acirrada. A cachaça de Campos concorre com os grandes alambiques de São Paulo, Minas e com alambiques vizinhos, como o Sete Engenhos, em Quissamã. Mas acreditamos e apostamos na nossa marca com investimentos”, disse.
No Noroeste, o grupo da cachaça também procura seu espaço. Tem alambique em vários municípios. Em Cambuci, a cachaça que remete aos índios é famosa. Mas, próximo à Campos, Italva, conhecida pelo quibe mais famoso da região, tem produtor de cachaça aquecendo economia com empregos do campo ao alambique:
- Atualmente a produção é limitada. Desde o corte da cana até o processo deprodução são empregadas 15 pessoas. Mas o projeto é aumentar a fabricação com ofertas de mais empregos – ressaltam os empresários Otacílio Barreto Júnior e Antônio Marcos Cavalheire.
Projeção - O industrial da Sete Engenhos, em Quissamã, Haroldo Carneiro, diz que pelo Rio está no mapa das melhores cachaças, um projeto chamado Embaixadores da Cachaça do Rio irá colocar o produto regional ainda mais em evidência, ainda no primeiro semestre. A questão está sendo tratada pela Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça do Estado do Rio de Janeiro (Apacerj).
Colecionador fala que onda não é modinha
Em Campos, o dono do espaço particular “Reserva Alcoólica Kanto do Horto”, não é industrial, nem mestre alambiqueiro, mas conhece todas as trilhas para se chegar a uma boa cachaça. João Alexin se diz apreciador e colecionador assumido.
São pelo menos 700 garrafas, entre pequenas, médias e grandes, devidamente arrumadas em espaço de destaque na casa, trazidas de toda parte do mundo, de viagens e por amigos. Mas, João explica que sua preferência é pela cachaça artesanal com história.
Com branquinha vinda de Paris, na França, ele prefere exaltar seu lado bairrista e chega a citar a bananinha – canelinha do Lelei do Farol, que exporta para a Holanda, com adaptação do gargalo da garrafa para facilitar o consumo dos holandeses. Eles seguram no gargalo da garrafa na hora de beber. Destaca também a cachaça artesanal do “Sr, Taizinho” de Barra do Furado, com cana produzida no quintal e outras, apresentando verdadeiro cardápio etílico da região.
Para João o gosto pela cachaça não é modinha para quem sabe apreciar a bebida destilada. “Quem gosta, vai gostar sempre. Se o mercado e produção estão em crescimento é porque mais brasileiros estão tomando o gosto”, disse ele.