streia hoje (25) nos cinemas de Campos mais um filme da saga “Piratas do Caribe”, como sempre trazendo à frente do elenco o ator Johnny Depp. Desta feita, temos o episódio “A Vingança de Salazar”.
Na trama, o filho de Will Turner (o personagem de Orlando Bloom nos primeiros filmes), Henry, recruta a ajuda do falido Capitão Jack Sparrow para encontrar o lendário Tridente de Poseidon, capaz de remover a maldição de seu pai, condenado a ser o capitão do Holandês Voador. No entanto, Jack está sendo perseguido por Salazar, capitão de um (outro) navio de mortos-vivos que quer se vingar do pirata. E ainda por cima, Salazar também está atrás do mesmo Tridente (convenientemente).
Javier Barden, como de costume, é ameaçador como Salazar (mesmo que a franquia já esteja saturada de capitães de uma tripulação amaldiçoada como vilão), mas o aspecto vingança do personagem é subaproveitado e sua rixa com Jack Sparrow mal parece afetar nosso herói.
Geoffrey Rush retorna como Barbossa, secretamente o melhor personagem da franquia o tempo todo. Rush atua com o seu carisma habitual, mas, infelizmente, o filme leva o personagem para rumos que poderiam ser interessantes, se não fosse executado de forma tão medíocre e apressada.
Henry Turner e Carina Smyth aqui fazem o papel de mocinho e mocinha, similares aos personagens de Will Turner e Elizabeth wan na trilogia original de filmes (os quais têm uma participação pequena aqui). Por sorte, enquanto Orlando Bloom e Keira Knightley tinham um estigma desinteressante de galã de novela, Brenton Thwaites e Kaya Scodelario surpreendem e trazem bastante carisma aos seus papéis, que também possuem personalidades mais redondas. Scodelario traz uma caracterização progressista, como uma cientista mulher em tempos antigos, que é bem simplista, mas cumpre o papel de ser facilmente relacionável ao público. Já Thwaites, com seu charme de bom moço atrapalhado, lembra uma espécie de Guybrush Treepwood, dos games Monkey Island, e daria um protagonista muito mais interessante no lugar de Jack Sparrow.
Quando foi introduzido, Jack tinha o potencial de ser um dos (anti-)heróis de ação definitivos do cinema, com a perenidade de um Indiana Jones ou James Bond, mas a cada nova decepção da franquia, o personagem parece mais limitado. Johnny Depp retorna desinteressado, sem trazer nada de novo ao velho capitão e com um timing cômico enferrujado. Se Depp tivesse a bússola de Jack, ela apontaria para o seu (voluptuoso) salário e nada mais.
A franquia tem alguma dificuldade incrível em fazer um roteiro eficiente. Idealmente, cada filme contaria uma nova aventura de Jack Sparrow que fosse criativa e facilmente digerível. No entanto, o roteiro sempre é desnecessariamente complicado e confuso, o que mina completamente o ritmo do filme, tornando ele cansativo e deixando a narrativa cheia de furos e coincidências absurdas.
O segundo e terceiro filme tinham a ambição equivocada de formar uma trilogia épica aos moldes de um “Senhor dos Anéis” pirata, mas acabou com uma bagunça inconsistente e até tediosa. O quarto e este quinto filme são, em teoria, histórias mais fechadas, mas ainda sofrem dos mesmos problemas, se apoiando demais nos eventos dos filmes anteriores e não possuindo nenhuma objetividade na hora de avançar a história de forma orgânica e interessante.
Talvez o momento mais emblemático dessa questão é sua a inevitável cena pós-créditos que deve entrar para história como uma das mais infames do seu tipo, prometendo, não só um sexto filme, como também o resgate estranho e completamente desnecessário de elementos dos filmes anteriores que já haviam sido completamente encerrados. Não é possível que eles não tenham nenhuma ideia melhor.
Com isso, algumas cenas de ação bacanas, conceitos criativos e boas sacadas para piadas visuais elaboradas (uma marca registrada da série) não salvam o filme de suas falhas e excessos, o que até “parece que a franquia vai naufragar” ou algum clichê do tipo. Mesmo com restrições da crítica, o filme deve atrair um bom público em Campos.
Na próxima quarta-feira (31) teremos a pré-estreia de “Mulher Maravilha”. Permanecem em cartaz “A Cabana”, “Corra”, “Antes que Eu Vá” e “Rei Arthur: A Lenda da Espada”.