Dora Paula Paes
01/04/2017 20:54 - Atualizado em 04/04/2017 12:20
O advento do petróleo suprimiu a agricultura em Campos. O setor nos últimos anos entrou em declínio e não poderia ser diferente com o berço de formação de mão de obra técnica especializada. O Colégio Agrícola Antônio Sarlo, 63 anos de tradição, hoje sob o controle da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), foi afetado até com a falta de interesse dos jovens pela carreira de Técnico Agropecuário. Com a eleição do prefeito Rafael Diniz e a promessa de fortalecer a agricultura e a cadeia produtiva, a direção da ETE Agrícola quer virar a página. Tanto é, que até o final do mês de abril, estará com inscrições abertas para a formação de turma do curso de Agropecuária, de nível médio, para o ano letivo de 2017, que começa em maio. No ano passado, a instituição não teve autorização para abrir turmas do primeiro ano.
Com vários projetos para colocar em prática, o superintendente de Agricultura e Pecuária, Nildo Cardoso, afirma que pelo menos quatro deles, nesse primeiro momento, precisam passar pelo Colégio Agrícola. Nildo, inclusive, estará na instituição na próxima quarta-feira, quando começaram a efetivar a parceria.
— Pela primeira vez o sentimento não é de promessa vazia. O novo governo municipal está vislumbrando a agricultura de forma diferente e isso nos dá um novo gás para receber alunos de Campos e de outras cidades, já que temos para oferecer dormitórios masculinos, interessados nessa área técnica tão vasta de oportunidades — disse a coordenadora pedagógica do Colégio Agrícola, Ana Beatriz Mota, acompanhada pela professora Carol Campelo.
No último dia 10, uma audiência pública debateu a situação do Colégio Agrícola, quando a crise da educação foi o foco. Menos de um mês depois, os profissionais do ETE Agrícola, dizem que com a palavra crise, vem a criatividade e estão animados de verdade para ocupar de forma produtiva laboratórios, áreas ociosas e espaços sem uso na instituição, com projetos e alunos interessados. “No primeiro momento não passava pela minha cabeça o curso Agrotécnico, mas aqui estou, aprendi a gostar muito, descobrir o vasto mercado para esse profissional e, agora, vou fazer tentar entrar no curso superior de Agronomia”, conta a aluna Laila Souza, 19 anos, moradora do Parque Aldeia, onde está localizada a instituição, em Guarus.
Parceria sai da teoria e parte para prática
O diretor do Polo da Faetec no Norte e Noroeste Fluminense, Edmar Teixeira, lembra que se existe dificuldade para fazer parceria pública-privada é hora de apostar na parceria pública-pública. “Estamos alinhados com a prefeitura e contamos as parcerias com a Uenf, Pesagro, Fiperj e a Emater. É lamentável, que nos últimos dez anos, o ETE Antônio Sarlo tenha experimentado uma derrocada, quando o município de Campos apresenta tanto potencial. Para se ter uma ideia, em 2015, enquanto Campos, com mais de quatro mil quilômetros quadrados, em 10% da sua área rural, contabilizou o lucro de R$ 64 milhões na área da agricultura, São Francisco de Itabapoana (1.100 km2) somou R$ 193 milhões, em 50% da sua área rural. Isso é falta de olhar para o nosso potencial”, ressaltou Edmar Teixeira.
Colégio Agrícola
Colégio Agrícola
O superintende de Agricultura e Pecuária, Nildo Cardoso consegue visualizar todo o potencial da área em Campos. “Entre os projetos, haverá reativação da granja, com o projeto “mais ovos”, com plantio de soja, piscicultura, plantio de mudas eucalipto que poderá atender ao setor ceramista. “Não tem como fazer agricultura sem passar pelo Agrícola. Já saímos da teoria e estamos partindo para a prática”, disse.