Depois de muitos anos sem visitar a capital pernambucana me deixou a certeza de que ainda há estados onde o Turismo é levado a sério. O Centro Histórico é um rico pólo turístico, com seus museus modernos, passeio de catamarã pelos rios, bons bares e restaurantes e um excelente parque hoteleiro.
Recife, terra do frevo e do maracatu, a Veneza brasileira, que encanta por sua cultura e povo alegre, festeiro, foi meu lar nos últimos 12 dias. Não a conheci como hoje está, com a área do porto revitalizada, com museus, a casa de cultura, repleta de artesanato, e belos e bons restaurantes e bares.
Essa é, para mim, uma nova capital pernambucana, diferente da cidade que me encantou há mais de 40 anos quando ali desembarquei pela primeira vez, chegado do Rio de Janeiro, no Aeroporto dos Guararapes.
Uma coisa me surpreendeu em Recife, a enorme quantidade de casarões, preservados a maioria deles, da época do Império, coisa rara nesta terra em que assistimos em muitas grandes cidades esses belos, simbólicos e historicamente importantes imóveis coloniais se tornarem de repente enormes espigões destruindo a cultura urbana de épocas milenares que vemos ser mantida intacta, respeitada, na Europa.
Deixei Recife certo de que seu povo é um defensor acérrimo da cultura e da história de sua cidade.
Olinda, ó, como é lindo esse formoso sítio histórico, com suas ladeiras e casario colonial, onde se vive sempre em festa.
É uma cidade onde se respira turismo e respeito pelo passado, terra de Seu Alceu — como carinhosa e respeitosamente meu filho Daniel chama esse monstro sagrado da música pernambucana, Alceu Valença — ele ama tanto sua terra que à sua afilhada, filha de seu amigo Bill, deu o nome de Olinda, e ao irmão dela, também seu afilhado, Pernambuco.
Pernambuco hipnotiza a gente, com uma energia que emerge de seu histórico centro e que emerge sob suas pontes.
Navegar nos dois rios Beberibe e Capibaribe, que banham Recife, no Catamarã que rasga as águas em passeios que mostram a outra face da cidade, tanto durante a tarde, com direito ao pôr-do-sol, ou o noturno com seus mistérios e lendas, é programa obrigatório e imperdível.
É quando vemos a terra como os portugueses e os espertos holandeses — que só ficaram por ali 24 anos — a viram quando desembarcaram.
Recife – Centro Histórico
História é o que mais se vive e respira no Centro de Recife.
Os inúmeros casarões e edifícios coloniais, preservados, na sua maioria, lembram um passado que os pernambucanos viveram entre a cultura portuguesa e a holandesa, que durou 24 anos, até as tropas de Portugal expulsarem os holandeses da província.
O Centro do Recife é hoje de fato um importante pólo turístico nacional, que conta com atrativos diversos de ordem cultural e histórico.
Uma visita para conhecê-lo pode começar pelo Marco Zero, local de reuniões, manifestações públicas e partida do Carnaval do Recife, e em torno do qual se localizam os Museus do Cais do Sertão, que retrata com muita fidelidade a vida do sertanejo e homenageia Luiz Gonzaga, do Paço do Frevo, o Centro de Artesanato de Pernambuco, os novos Armazéns do Porto, com seus bares e restaurantes, e o shopping Paço da Alfândega adaptado em um belo prédio onde funcionava a alfândega.
Chegada a hora de almoço, fui conhecer o Restaurante Dom Pedro, na Rua do Imperador Pedro II, 376, o mais antigo da cidade, que completa meio século de atividade ininterrupta, e é ponto de encontro da sociedade pernambucana, magistrados, políticos, jornalistas e intelectuais, especializado em comida portuguesa.
De tarde, o passeio continua pelas coloniais ruas do centro, até a hora do passeio de Catamarã, vale a pena conhecer o Centro de Artesanato, onde se encontram interessantes e variadas peças produzidas por artistas pernambucanos.
São imperdíveis as visitas ao Instituto Brennand, eleito em 2015 o melhor Museu da América do Sul, uma área a céu aberto, onde estão expostas as obras fantásticas do artista, e à Oficina de Cerâmica de Francisco Brennand.
Depois do passeio de Catamarã, é de bom tom parar num dos diversos restaurantes ou bares dos Armazéns do Porto e assistir a noite cair.
* Por Arnaldo Moreira, jornalista especializado no setor de turismo