Animais fantásticos e onde habitam — Era muito comum, na Europa da Idade Média, os monges cristãos escreverem livros sobre animais reais e imaginários. Eles acreditavam que existia uma fauna fabulosa. Essa tradição chegou aos dias atuais. Jorge Luis Borges e Julio Cortázar escreveram sobre animais fantásticos. No Brasil, destaca-se o paranaense Wilson Bueno. Tolkien e J.K. Rowling deram grande atenção a esses animais nos seus livros. A evolução biológica é criativa, mas tem limites. Cria um ornitorrinco ou um tardígrado, mas nunca um animal híbrido de flora e fauna. Estes ficam por conta da imaginação criativa dos escritores.
Com o sucesso da série Harry Potter, J.K. Rowling animou-se a continuar ganhando dinheiro com livros e filmes. Ela volta à carga na literatura e no cinema com “Animais fantásticos e onde habitam”.
Seu esquema é o mesmo de Harry Potter. O mundo se divide em humanos comuns e humanos especiais. Estes são formados por bruxas e mágicos. Entre os especiais, há um mais especial ainda. Antes, Harry Potter e agora o magizoologista Newt Scamander, representado pelo versátil Eddie Redmayne. O bem e o mal se enfrentam no mundo das pessoas especiais. Os humanos comuns não passam de idiotas, mas, nessa nova produção, um deles tem vez. É o caso do padeiro Jacob Kowalski (Dan Fogler), que entra na história por acaso e sai dela esquecendo tudo o que viu por meio de magia. Depois de grande estrago causado pelo mal, representado por Percival Graves (Colin Farrell), o bem triunfa. Questões atuais são inseridas no texto. Até os animais maravilhosos estão ameaçados de extinção. Cabe a Scamander salvá-los.
Embora bastante previsível, o filme, produzido com alta tecnologia, agrada aos menos exigentes. A direção do experiente David Yates, já acostumado a dirigir filmes desse gênero, e o roteiro da própria J. K. Rowling, também uma das produtoras, conferem ao filme boa qualidade. O velho Jon Voight compõe o elenco ao lado das magrinhas Katherine Waterson e Alison Sudol. Aprecie-se também a música de James Newton Howard. Mas advirta-se que o filme é adolescente e pura distração.