A 10 dias da entrega da revitalização do Obelisco, parte da programação do Centenário dos Melhoramentos de Campos dos Goytacazes, o monumento histórico, localizado na Avenida XV de Novembro, continua descuidado. Marco das obras realizadas na cidade por Nilo Peçanha, durante seu segundo mandato como governador do estado do Rio de Janeiro, o Obelisco deverá ser entregue, restaurado, à população campista na tarde do dia 5 de novembro, data de encerramento do evento de comemoração às obras realizadas no município.
Inaugurado em 5 de novembro de 1916, o Obelisco representou a chegada da modernidade a Campos. Para efetuar as melhorias na construção, a Prefeitura de Campos investiu R$ 54.356,38 em um contrato de um mês com a empresa Bruta Construtora e Empreendimentos. Apesar da proximidade com o prazo de reinauguração do monumento, nenhum movimento de obras foi visto pela equipe da Folha da Manhã, que esteve no local na tarde dessa segunda-feira (24).
Diretor geral do Observatório Social de Campos, o arquiteto e urbanista Renato Siqueira afirmou que, de acordo com suas visitações ao local, não foram registradas atividades em torno do Obelisco.
— E percebemos que há vários tons de coloração diferentes ao longo dele. A gente não sabe como isso vai ser tratado. A própria base do Obelisco continua também sem tratamento algum, com várias rachaduras aparentes. E há tom original com tom acastanhado.
Para o profissional, o cumprimento do prazo de entrega do Obelisco restaurado é difícil de ser cumprido. “Se nós entendermos a restauração tal como deve ser feita, perceberemos que tem muito a ser feito e temos prazo desfavorável para que isso seja feito a tempo”, disse Renato, ressaltando que, em casos dessas melhorias, é necessário haver acompanhamento técnico.
— Toda restauração de objeto, elemento ou patrimônio histórico deve ser feita com especialização. E não foi apresentado. Inclusive na reunião do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Coppam), no dia 14 de setembro, ficou de estar presente a responsável técnica, que, supostamente teria atribuições para isso. Ela simplesmente não apareceu.
O arquiteto afirmou que “o estado é de abandono, desleixo, indiferença, menosprezo, insignificância; enfim, de falta de responsabilidade com o marco histórico e os seus significados, que se relacionam com o maior estadista que Campos já produziu”.
De acordo com a programação oficial do Centenário dos Melhoramentos de Campos dos Goytacazes, que será encerrada em 5 de novembro, no início da tarde, às 13h, haverá uma caminhada em direção ao Obelisco, onde ocorrerá a solenidade de entrega da restauração do marco centenário dos melhoramentos. O encerramento acontecerá às 18h, no Instituto Federal Fluminense, com a palestra “O maçom Nilo Peçanha, sua obra, seu legado”.
Onde está Nilo Peçanha? — Outro ponto levantado pelo arquiteto e urbanista Renato Siqueira foi o desaparecimento da estátua de Nilo Peçanha, instalada na avenida homônima. O monumento, construído em homenagem ao centenário de nascimento do ex-presidente, foi retirado no dia 22 de agosto para reforma e, até o momento, não retornou ao local de origem.
— É a nossa reclamação, que nos levou ao Coppam no dia 14 de setembro, quando ficou firmado o compromisso que a estátua retornasse para seu local de origem, mas girada. Ela ficaria de frente para o eixo da Avenida Nilo Peçanha. Fizemos vários questionamentos, por meio da própria rede social, para ver se sensibilizava alguém do governo para que tomasse a medida que foi acordada — afirmou. Como não houve resposta, o Observatório Social fez uma representação no Ministério Público Estadual para relatar o caso.
Embora a programação tenha sido elaborada por um Grupo de Trabalho (GT), criado pela prefeita Rosinha Garotinho e composto por membros representantes de entidades culturais, as restaurações não são parte da responsabilidade dos integrantes, e sim da Prefeitura de Campos. O poder público, no entanto, não informou, por meio da assessoria de comunicação, detalhes sobre as melhorias do Obelisco e para onde foi levada a estátua de Nilo Peçanha.